Claro avalia usar a banda de 2,1 GHz na 5G em novas cidades

Em São Paulo e Rio de Janeiro, operadora usa os 2,6 GHz com dual connectivity, ou seja, o smartphone 5G navega pela internet usando também, ao mesmo tempo, a conexão 4,5 G com agregação de portadoras

A Claro ativou na última semana sua rede 5G em bairros das cidades de São Paulo e Rio de Janeiro. Mas os planos de expansão da tecnologia, que utiliza o modo DSS (compartilhamento dinâmico de espectro), prevê uso de outras frequências. A tele pretende, por exemplo, recorrer à banda de 2,1 GHz no futuro, quando levar a 5G para outras cidades. Atualmente, essa faixa é destinada à 4G e até ao 3G em algumas regiões.

“Estamos trabalhando com os parceiros para escolher mais opções de DSS. Por exemplo, em 2,1 GHz. Porque pode ser que no futuro tenha mais terminais compatíveis com outras frequências. Então estamos tomando o cuidado para usar outras frequências também”, contou Celso Birraque, diretor de redes de acessos móveis da Claro, ao Tele.Síntese.

Esse tipo de alternativa é estudada à medida que o leilão 5G segue sem data, e a Claro busca rentabilizar a liderança adquirida em espectro no país, obtida com a aquisição da Nextel em dezembro de 2019. Segundo ele, a empresa tem quase a mesma quantidade de faixa disponível em 2,1 GHz em várias áreas do país quanto o que dispõe em 2,6 GHz nas capitais paulista e fluminense.

400 Mbps

O funcionamento seria o mesmo do que se tem na rede já 5G DSS baseada na frequência de 2,6 GHz, lançada na última semana. O celular compatível acessa a rede 5G na banda em que estiver operando e, ao mesmo tempo, acessa a rede 4,5 G nas frequências mais baixas de 700 MHz e 1,8 GHz. Este acesso simultâneo acontece em função do uso da tecnologia dual connectivity.

[quote cite=’Celso Birraque, Claro’ align=’right’]Estamos trabalhando com os parceiros para escolher mais opções de DSS. Por exemplo, em 2,1 GHz.[/quote]

O executivo explicou que a mescla de tecnologias da dual connectivity une a eficiência espectral da 5G, que utiliza um codec para transmissão de dados de maior capacidade que a 4G, com a agregação de portadoras da 4,5G (LTE-Advanced).

Ou seja, o núcleo da rede continua a ser 4G para permitir a agregação das portadoras e a conexão dual. Assim, é possível fazer a velocidade do acesso passar dos 400 Mbps, como anunciado. Sem a dual connectivity, a velocidade ficaria em 300 Mbps.

Non-Standalone vs 5G puro

Birraque lembra que por isso a rede 5G lançada aqui é do tipo non-standalone, ou seja, depende de existência prévia de uma infraestrutura 4,5G para funcionar. “A 5G NSA não tem capacidade de fazer a agregação de portadoras sozinha, conforme a padronização da 3GPP. Isso acontecerá apenas com a 5G standalone (SA)”, diz.

Aliás, a opção em usar 20+20 MHz na frequência de 2,6 GHz em São Paulo e Rio de Janeiro tem relação direta com com o núcleo da rede 4,5G. É o núcleo que estabelece este limite. Na 5G SA, as portadoras poderão ser mais amplas – e consequente, a velocidade atingida será maior. O que explica a expectativa pela faixa de 3,5 GHz, que terá 100 MHz disponíveis por operadora.

Isso não significa, no entanto, que o 5G DSS não exija profundas mudanças na rede. Segundo explicou, foi preciso garantir o uso de elementos descentralizados e virtualizados, como P-Gateways (responsáveis pelas transações de dados que autorizam o usuário a acessar a internet móvel). Também toda a URA da Claro foi virtualizada para o lançamento, embora este serviço não tenha reflexo direto sobre a qualidade da rede, mas sobre a experiência do consumidor.

Ele disse que a operadora está construindo os data centers “edge”, que vão acelerar o tempo de resposta da rede. Mas não quis revelar detalhes do projeto. A tele, afirmou, estuda qual o melhor modelo para a implantação massiva dessas estruturas.

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Rafael Bucco

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