Cisco amplia parceria com operadoras para vender a PMEs

Fabricante anunciou também parceria com Organização dos Estados Americanos para formação de capital humano em cibersegurança. Brasil será signatário da iniciativa.

A Cisco acaba de abrir um novo segmento de atuação no Brasil. Desde agosto a companhia passou a ter como estratégia ampliar as vedas para as pequenas empresas. Para isso, conta com a capilaridade das grandes operadoras de telecomunicação (Claro, Oi, Vivo).

Até este ano, a companhia privilegiava negócios com grandes corporações e médias, segundo o presidente da fabricante no país, Laércio Albuquerque.

“Começamos a implementar agora em agosto [a oferta para pequenas empresas]. Para esse mercado temos preço dedicado, segmento dedicado, ecossistema de parceiros dedicados. As operadoras passam a ser canal para fazer a entrega das novas soluções para esse mercado”, afirmou.

A Cisco planeja regras de financiamento diferenciado. Também compete no preço, por ter produtos homologados, com descontos via PPB, Finame e aceita o cartão BNDES.

Além das grandes, os provedores regionais são foco de atenção, diz Albuquerque. Segundo ele, os ISPs têm potencial para consumir os produtos Cisco e, no futuro, ofertar. “Os provedores regionais são do tamanho dessas operadoras, mas não superam o consumo das grandes. A gente trata [os ISPs] como cliente, mas estamos pensando como go to market”, afirmou.

Cibersegurança

Ele diz que a Cisco cresce no Brasil, puxada sobretudo pela preocupação do mercado com a segurança digital. A subsidiária local cresce dois dígitos trimestralmente há 3 anos. Vê tanto aumento das vendas de hardware, como de software e serviços recorrentes. O valor exato, porém, não revela.

“O Brasil tem se mostrado um país ‘early adopter’. Vendemos cada vez mais soluções em nuvem não porque é estratégia da Cisco, mas porque é o que o mercado está pedindo. O mercado hoje quer tudo como serviços”, disse o executivo à imprensa durante evento realizado em São Paulo.

No mundo, das receitas de US$ 13,4 bilhões, cerca de 34% vêm de software e serviço recorrentes. Há três anos, eram 31%. “Esperávamos mudança mais acelerada dessa proporção, mas aconteceu o aumento das vendas de hardware também”, explica o executivo.

Ainda assim, ele identifica na demanda por produtos de segurança o principal fator de sustentação do crescimento três anos seguidos. “É difícil dizer qual unidade está alavancando mais o crescimento. Mas Cibersecurity tem sido o principal driver de todas as BUs [unidades de negócio] da Cisco”, afirmou.

O foco da companhia no segmento só aumenta. Em 15 de outubro será firmado um acordo com a Organização dos Estados Americanos (OEA), pelo qual a Cisco participará de uma iniciativa para incentivar a troca de conhecimento entre os países a respeito de ameaças digitais. O projeto prevê a realização de fórums, criação de sistema de autorregulação das empresas e formação de recursos humanos qualificados. Brasil, Chile, Colômbia e México já confirmaram que vão aderir à iniciativa.

Espectro e WiFi 6

Giuseppe Marrara, diretor de relações governamentais da Cisco, também presente ao evento, defendeu a posição da empresa de reserva do espectro de 6 GHz para o WiFi, e não para 5G. “Achamos que quanto mais espectro para a 5G, melhor. Mas o WiFi será ainda mais importante para o offload da rede móvel no futuro”, disse. Ele estima que hoje, mais de 30% do tráfego das operadoras se dê por offload via WiFi. A proporção pode dobrar no futuro.

Ele admite, no entanto, que hoje vê como tendência na Anatel a destinação da faixa para as operadoras móveis. “Na Europa e nos EUA, os 6 GHz estão mais pendentes ao WiFi 6. A visão regulatória aqui está mais pendente ao IMT. Mas antes a gente ainda tem que tomar a decisão da banda C”, falou, lembrando que para o próximo leilão de espectro há o debate sobre como resolver a interferência do 5G em espectro de 3,5 GHz sobre a banda C, usada para transmissão de TV aberta por satélite (TVRO).

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Rafael Bucco

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