Cibersegurança é um dos principais desafios das redes brasileiras, avalia presidente da Claro Brasil

O presidente da Claro, José Félix, aponta que a malha de telecomunicações brasileira é toda interconectada, mesmo aquelas que não se conhece a origem, ampliando os riscos dos ciber ataques.

José Félix, presidente da Claro Brasil, avalia que a cibersegurança é um dos principais desafios das redes de telecomunicações brasileiras. Isso porque, observa, por mais que as operadoras invistam “rios de dinheiro” com sistemas de proteção, além de os ataques acabarem acontecendo de diferentes formas, a malha brasileira, que é toda interconectada, tem também muita extensão de rede instalada por empresas sobre as quais não se tem qualquer informação ou controle. “Mesmos as redes piratas se interconectam de algum modo com a malha e a gente não sabe por onde vai vir um ataque”, alerta.

Félix avalia que a rede de telecomunicações brasileira já tem a robustez necessária para suportar a demanda do consumo de dados, com as exceções em função da extensão territorial brasileira. “É necessário ter mais redundância em rotas muito longas, mas em termos econômicos é inviável fazermos tudo o que é necessário. É por isso que se vê casos de localidades isoladas, desastres naturais ou rompimento gerados pelo homem, o que acaba afetando os serviços, mas a rede é robusta”, avalia.

Desafios cibersegurança

Para ele, a Anatel precisa adotar medidas mais efetivas para tratar dos desafios da cibersegurança das redes, pois entende que esse tema está se tornando tão urgente como a necessidade de solução para o compartilhamento dos postes das concessionárias de energia elétrica, com seu emaranhado de fios e cabos.
Félix alerta que, qualquer que seja a proposta de solução, o que não pode ocorrer é as operadoras que usam os postes de forma legalizada terem que pagar a conta para a solução do problema. ” Não passa pela minha cabeça a gente ter que pagar pela limpeza dos postes, que têm dezenas de cabos que ocupam essa infraestrutura sem pagar nada por ela. Nós pagamos por isso e não imagino termos que pagar de novo”, afirma.

Redes mais inteligentes

Pela primeira vez, assinalou o executivo, começam a surgir soluções para a utilização da inteligência das redes. “No futuro as redes serão mais inteligentes e novas aplicações virão nas próximas gerações”, acredita. Segundo o executivo, a Claro tem feito vários testes com o network slicing mas a monetização dessa nova estrutura para se transformar em um negócio efetivo, ainda não ocorreu.

Por enquanto, observa, as operadoras de telecomunicações mantêm os vultosos investimentos nas redes 5G da telefonia móvel, sem que surjam soluções que possam ser massificadas. Entre as alternativas com o network slicing que parece ser mais interessante, pontuou, é a possibilidade de o cliente poder aumentar a capacidade de transmissão de dados com apenas um “click”, por um período de tempo determinado e uso específico, sem que precise qualquer mudança de equipamento, de deslocamento de técnicos ou algo parecido. Esse pode ser um caminho para o cliente corporativo, pondera. Mas para que essa solução se efetive, entende que precisa ser mais distribuída, pois a inteligência ainda está muito localizada.

FWA

Quanto ao FWA – a Claro foi a primeira operadora a lançar essa tecnologia de 5G fixa no mercado brasileiro – José Félix está animado com o seu uso para servir de back up de estabelecimentos comerciais, como agências bancárias, por exemplo. Mas, devido ao alto preço dos terminais, não acredita na possibilidade de essa tecnologia ser usada intensamente, como está acontecendo nos Estados Unidos, tendo em vista que, no Brasil, a fibra óptica está muito mais disponível.

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Miriam Aquino

Jornalista há mais de 30 anos, é diretora da Momento Editorial e responsável pela sucursal de Brasília. Especializou-se nas áreas de telecomunicações e de Tecnologia da Informação, e tem ampla experiência no acompanhamento de políticas públicas e dos assuntos regulatórios.
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