“Brasil precisa planejar já as frequências para 5G”, diz Ricotta, da Ericsson
Embora só em meados de 2020 as operadoras instaladas no Brasil devam começar a implantar suas redes 5G, as comitivas brasileiras que visitaram a MWC 2018, que aconteceu na semana passada em Barcelona, estavam interessadas em ver o que havia de novidade nessa área, já que a tecnologia das novas redes móveis deixou de ser promessa para ser realidade já comercial ou pré comercial. Todos os grandes fabricantes já têm vários contratos firmados, os países asiáticos e os Estados Unidos saíram na frente com redes sendo lançadas neste e no próximo ano, há dezenas de aplicações em desenvolvimento onde o carro-chefe é a Internet das Coisas e não faltam iniciativas coletivas como a rede mundial para serviços de emergência lançada em novembro de 2017 por BT, Verizon, King’s e Ericsson.
Ao receber as delegações das operadoras no estande da Ericsson, um dos grandes fabricantes mundiais de infraestrutura móvel, o CEO da subsidiária brasileira, que responde também pela América Latina, Eduardo Ricotta, mostrava o caminho a ser percorrido na evolução entre a 4G e a 5G. “Como ainda temos um tempo até chegar à 5G, é possível planejar para usar bem o investimento”, comentava. Além de mostrar como extrair o melhor de cada passo da tecnologia, até o momento do rompimento, já que a 5G não é exatamente a evolução da 4G, Ricotta explica que para chegar lá, em termos de política setorial, considera que são necessárias medidas em dois níveis.
O primeiro diz respeito a uma política planejada das frequências que serão usadas para a 5G. Ele acredita que o processo de definição tem que começar logo para que haja tempo hábil para que todos os passos técnicos e legais sejam cumpridos. “Será preciso definir as faixas dentro daquelas já harmonizadas mundialmente, fazer a limpeza, etc.”, diz. Depois, vem o leilão. Outra coisa é o preço mínimo fixado. Não pode ser elevado demais, senão todo o investimento vai na compra da frequência. Na Suécia, por exemplo, relata o executivo, o governo não cobra pela frequência, para que o preço do serviço seja mais acessível.
O outro nível de medidas, na avaliação de Ricotta, está relacionado, ao conceito de neutralidade da rede e Internet das Coisas. Ele entende que a IoT
introduz novos serviços críticos que certamente vão levar ao debate sobre o conceito da neutralidade tal como entendida hoje. “Da mesma forma como as operadoras vendem neutralidade pode ser que elas venham a vender latência, pelo menos em casos de serviços críticos”, menciona. Como exemplo, cita uma cirurgia a distância.
A vez dos provedores de serviço
Além da infraestrutura de 5G, o que chamava atenção no estande da Ericsson, da mesma forma que na maioria dos estandes dos grandes fabricantes presentes ao WMC, era o espaço dedicado à Internet das Coisas, ali chamado IoT Accelerator Marketplace. Börje Ekholm, CEO da Ericsson, disse, durante sua participação no painel a Fundação da Economia Digital, que a 5G posiciona os provedores de serviços no centro do ecossistema digital e “mostra o valor da rede”.
E tanto isso é verdade para a Ericsson que ela apresentou no WMC o IoT Market Place, por meio do qual é criado um catálogo de aplicativos IoT por um ecossistema global de parceiros, permitindo que esses aplicativos sejam oferecidos aos clientes corporativos das operadoras. Com isso, reduz-se o tempo para lançamento de novas soluções IoT no mercado.
Para os desenvolvedores e parceiros de aplicativos, a solução abre uma porta de entrada no ecossistema de IoT, permitindo a integração com as operadoras por meio de uma única plataforma horizontal. A solução também inclui a capacidade de monetização e faturamento dos recursos e serviços utilizados pelas aplicações IoT, facilitando o controle e ajuste do faturamento de toda cadeia envolvida no ecossistema.