Brasil pode exportar serviços de data center, avalia Anatel

Superintendente de Competição indica que, por ora, não há problemas concorrenciais no setor; para ele, ampliação e descentralização das infraestruturas pode tornar o País “um grande provedor”

A Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) não vê, na atualidade, necessidade de aplicar uma regulação concorrencial sobre o segmento de data center no País. Pelo contrário, para o órgão regulador é momento de incentivar a construção dessas infraestruturas, visando à possibilidade de o Brasil exportar serviços de centros de dados.

A avaliação foi compartilhada por José Borges, superintendente de Competição da Anatel, no 38º Seminário Internacional ABDTIC, realizado nesta terça-feira, 22, no Insper, em São Paulo.

Segundo o regulador, a descentralização da rede de data centers pelo território brasileiro, aliada à massificação do 5G, “vai fazer uma revolução na comunicação entre máquinas”.

Borges citou que há aproximadamente 11 mil data centers no mundo, sendo os Estados Unidos o país responsável pela metade desse total. Até o momento, de acordo com levantamento da Anatel, o Brasil conta com 152 complexos, com o estado de São Paulo liderando com folga esse mercado (entre 50% e 75% dos campi ficam em cidades paulistas).

O superintendente ressaltou que a crescente demanda por Inteligência Artificial (IA) aumenta a necessidade de se investir em data centers. Contudo, lembrou que nem todos os serviços computacionais precisam estar próximos ao usuário, o que abre a possibilidade de o Brasil se posicionar como um grande ofertante na América Latina.

“Temos visto a possibilidade de o Brasil se tornar um grande provedor. Temos energia e conectividade, mas agora é necessário discutir os investimentos em data centers”, ponderou Borges. “Sem infraestrutura e capacidade computacional, não vamos nos beneficiar do que a IA pode trazer. Se o dado é o novo petróleo, a IA é a nova refinaria”, acrescentou.

Defesa da concorrência

A respeito de uma eventual concentração de mercado, Borges disse que, por ora, “não há problemas concorrências, até porque estamos no momento em que o bolo está crescendo a uma taxa de expansão de 5% ao ano”.

Por outro lado, alertou que os principais contratantes dos serviços de data centers são “três grandes big techs” – em referência a Microsoft, Google e Amazon –, mas ainda há espaço para outros provedores de nuvem.

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Eduardo Vasconcelos

Jornalista e Economista

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