Brasil estaciona em índice global de preços de serviços móveis

Custo das cestas de baixo consumo de voz e dados e de alto consumo se manteve inalterado entre 2018 e 2019. No mundo, preços recuaram, mas não a ponto de atrair novos usuários, avalia a UIT.

A União Internacional de Telecomunicações (UIT) divulgou hoje, 19, relatório em que analisa o preço praticado pelas operadoras mundo afora. O material compara cada país e elabora rankings anuais para indicar quais mercados têm serviços de voz móvel, dados móveis e banda larga fixa mais acessíveis ao consumidor.

Na edição deste ano, o levantamento revela que pouca coisa mudou no Brasil. No que tange às cestas de baixo consumo de celular (que prevê 70 minutos de voz, 20 SMS e 500 MB de dados pelo menos), o país manteve em 2019 a 79ª posição já registrada em 2018.

Esta cesta de baixo uso custou, em média, US$ 13,68 para o usuário brasileiro. Equivalente a 1,80% do PIB per capita. Números idênticos aos de 2018. A título de comparação, o primeiro colocado no ranking em 2019 foi Luxemburgo, com a cesta celular de baixo consumo custando em média US$ 5,89, equivalente a 0,09% do PIB per capita.

Em relação à média mundial, os preços das operadoras locais foram mais baixos. Quanto ao PIB per capita, o valor praticado no mundo foi de 5,73% (ante 1,8% no Brasil). Em dólares, a cesta mundial custou, em média, US$ 15,07, enquanto a brasileira saiu por US$ 13,68. Considerando ainda o poder de paridade de compra (PPC), também aqui os valores são mais baixos, com a média mundial ficando em PPC$ 23,86 (contra $22,23 no Brasil).

Cesta móvel de alto consumo

A cesta de alto consumo de voz e dados no celular consiste em 140 minutos de voz, 70 SMS e 1,5 GB de franquia de dados, ao menos. No caso brasileiro, há uma convergência entre os índices de baixo e alto consumo. Isso porque todas as operadoras adotam práticas de voz e SMS ilimitados, além de franquias acima de 3 GB.

O país também manteve a mesma colocação no ranking em 2019 e 2018. No caso, para a cesta de alto consumo, o ficamos na 63ª posição no índice de preços globais. Significa que neste quesito aparecemos mais bem colocados, embora tenha havido estagnação nos últimos dois anos.

Em comparação com a média mundial, a cesta móvel de alto consumo local é muito mais barata. Globalmente, esta cesta tem preços médio de US$ 25,27, equivalente a 10,3% do PIB per capita, e preço equivalente a poder de paridade de compra de $ 37,76. No Brasil, a cesta custa US$ 13,68, 1,8% do PIB p.c., ou PPC$ 22,23. Os rankings têm 173 países.

Desempenho mundial

A estagnação do Brasil destoa do resto do mundo, onde os preços não param de cair. Segundo o material da UIT, houve redução de 6,17% do PIB p.c. para 5,73% do PIB p.c. em âmbito global para os serviços de baixo uso de voz e dados móveis. Em moeda, o preço médio caiu de US$ 15,60 para US$ 15,07. E em poder de paridade de compra, de PPC$ 25,09 para PPC$ 23,86.

No caso dos serviços de alto uso de voz e dados móveis, também houve queda de preços em relação ao PIB p.c. (passou de 10,45% para 10,3%), em dólares (de US$ 25,95 para US$ 25,27), e em paridade (de PPC$ 39,13 para PPC$ 37,76).

Ou seja, enquanto no Brasil nada mudou, no mundo houve queda de preço na cesta de baixo consumo de 4,9%, considerando o poder de paridade de compra. E queda de 3,5% na cesta de alto consumo.

A UIT ressalta que a queda de preços é verificada ano após ano desde o início das medições, em 2008. Mas que atingiu-se um patamar de conectividade difícil de superar, em que, no momento, preços mais baixos não são suficientes para acrescentar usuários aos serviços.

Outras barreiras, como nível educacional, desinteresse pelo conteúdo digital, falta de habilidade em usar os equipamentos e baixa qualidade da conexão aparecem como justificativas para quem não usa os serviços continuar de fora.

O relatório completo pode ser baixado aqui.

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Rafael Bucco

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