BC quer revolucionar o crédito no país
O Banco Central (BC) tem como uma de suas prioridades democratizar o crédito no país. A duplicata eletrônica, que vai revolucionar o crédito para o lojista, e os registros de recebíveis imobiliários, que trará mais segurança às instituições financeiras para gerar mais crédito às incorporadoras, constam das principais pautas da agenda regulatória da autarquia, conforme anunciou Otávio Ribeiro Damaso, diretor de regulação do BC.
“A parte de registro de recebíveis, se pegarmos a origem, começou para fins de supervisão, mas estamos transformando esse conjunto de informações e levando ao mercado para acabar com a assimetria de informação e trazer produtos e serviços melhores para a sociedade”, disse ele, no talk show conduzido por José Luiz Rodrigues, sócio titular da JL Rodrigues & Consultores Associados e presidente do conselho da ABFintechs, durante o Digital Money Meeting, que teve início nesta quarta-feira, 25, e que encerra no dia 27.
No que diz respeito ao crédito, Damaso chamou atenção também para a importância que as Sociedade de Crédito Direto (SCDs), as fintechs de crédito, vêm assumindo ao trazer solução para seus stakholders e benefícios para a sociedade. Segundo ele, já são 80 autorizadas pelo órgão regulador e mais 50 que estão na fila para serem autorizadas.
Open Finance já é realidade
O Open Finance já está chegando para cidadãos e empresas no país, na avaliação do diretor do Banco Central. O projeto completa cinco anos, desde que o BC tomou a decisão de construir o plano regulatório, após estudar diversos modelos internacionais como o de Hong Kong, Singapura, Austrália e Reino Unido, considerado o mais inspirador para ser adotado no país.
“Trata-se de uma jornada iniciada em 2017 e que agora está se concretizando para valer, graças ao esforço do Banco Central assim como das instituições financeiras participantes que lidam com o dia a dia do sistema financeiro”, observou.
Para todo o projeto conduzido, o BC faz avaliação dos resultados regulatórios, e no caso do Open Finance, segundo ele, foram identificadas várias dificuldades ao longo do processo de implementação. Dentre os principais desafios enfrentados, e que o BC reconhece, diz respeito aos prazos audaciosos impostos ao mercado financeiro brasileiro.
“Colocamos um período de implementação muito mais curto, do que observamos em outros países, para um modelo muito mais amplo. E no meio do período, houve a pandemia que trouxe desafios adicionais para o sistema financeiro”, afirmou.
Em relação aos acertos, Damaso mencionou a integração, a organização do sistema, o amadurecimento dos diferentes players capazes de desenvolver soluções, produtos e serviços para adaptar ao ecossistema. “Quando converso com as instituições participantes do Open Finance, individualmente, elas têm de 20 a 30 produtos na prateleira que estão começando a aparecer agora”, disse Damaso.
Maior visibilidade
A integração financeira, segundo ele, está entre os produtos que dará maior visibilidade aos usuário do Open Finance, ao permitir que o usuário enxergue sua vida financeira em um único lugar. Além disso, citou o processo de Iniciação de Pagamento, que possibilitará o usuário navegar no o app de um banco e usar o dinheiro de outra conta bancária.
“Com certeza vão surgir inúmeros novos produtos e serviços que sequer o cidadão saberá que foram frutos do Open Finance, mas que trarão muitos benefícios a ele”, afirmou.
O Open Finance já conta com 5 milhões de consentimentos ativos de clientes, pessoas que autorizaram o seu provedor de serviço financeiro a receber ou doar os dados para outra instituição. Por mês, são registradas cerca de 1 milhão de chamadas de API e cerca de 800 instituições autorizadas participando do ecossistema.
Na opinião de Damaso, assim que os produtos ganharem visibilidade, esses números vão explodir. “E provavelmente esse movimento virá mais rápido pelas PJs, por estarem atentas às funcionalidades e já disporem de soluções que querem para o seu negócio.”
A expectativa do órgão regulador é que o Open Finance cresça mais ainda, a partir da integração ao ecossistema do setor de seguros e investimentos. “Tem muito a acontecer ainda no âmbito do Open Finance, que já está se encontrando com o Pix, que também tem uma agenda de desenvolvimento. Essas duas frentes vão se juntar também ao CBDC (moeda digital emitida pelo BC), com o dinheiro programável, principalmente.”
Damaso diz que o BC está criando um ecossistema para que as instituições financeiras ofereçam inúmeras possibilidades de inovação. “São elas que identificam as dificuldades e desejos dos consumidores e conseguem produzir novas ferramentas para PFs e PJs”, concluiu.