BC quer indústria de cartões no Open Finance, diz dirigente
A indústria dos cartões de crédito não faz parte da estrutura de iniciação de pagamentos do Open Finance como ocorre, por exemplo, com o Pix. Mas, segundo Gilneu Vivan, chefe do Departamento de Regulação do Sistema Financeiro (Denor) do Banco Central (BC), essa inclusão irá acontecer.
“Nosso projeto é trazer a indústria de cartões para dentro do ecossistema. Precisamos abrir uma discussão, desenhar que tipos de produtos e processos serão conduzidos”, disse ele em evento da Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs), nesta quinta-feira, 24 de outubro, em São Paulo.
O dirigente, no entanto, não estabeleceu data para que isso ocorra. De acordo com ele, a agenda do Open Finance tem crescido bastante, o que tem levado os participantes a se preocuparem com a rapidez do processo. “Isso dificulta a criação de casos de uso, é um problema reconhecido por nós. Um dos acordos para este ano foi o de fazer um processo um pouco mais lento”, afirmou.
Ainda assim, o BC mantém a expectativa de inclusões no ecossistema. Além da indústria de cartão de crédito, Vivan disse que a autarquia tem mantido discussões com a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) para a entrada do Open Invest no modelo de sistema financeiro aberto que vem sendo implementado no país.
Mesmo sem fazer parte do escopo de iniciação de pagamentos, as empresas de cartão de crédito já conseguem se beneficiar do compartilhamento consentido de dados de clientes das instituições participantes do Open Finance. Vale lembrar que a Abecs faz parte do conselho do ecossistema.
Ricardo Pandur, gerente sênior de Estratégia de Negócios em Serviços Financeiros da Accenture, que conduziu o painel sobre Open Finance no evento da Abecs, observou que há 1 bilhão de chamadas de APIs de cartões, mecanismo que permite a troca de dados entre sistemas, por mês. Desse total, o principal interesse das instituições é sobre o valor da fatura. Em segundo lugar, com 20%, vem o limite.
“Como se faz a modelagem de crédito para entender qual é o risco daquele cliente, hoje tem outras informações para avaliar e retroalimentar essa modelagem”, disse.
Contas PJ
Indagado sobre as contas de pessoas jurídicas (PJ) no ecossistema do Open Finance, o dirigente do BC disse que a estrutura foi desenhada para o universo da pessoa física e que ainda há muito trabalho para fazer nesse sentido. Mas, segundo ele, a autarquia quer, sim, ter as contas PJ no sistema. “As instituições no conselho (do Open Finance) têm voz para propor, para questionar e apresentar. Com isso, vamos criar microssoluções que possam, por exemplo, incluir as PJs”, disse.
Atualmente, cerca de 323 mil contas PJ deram consentimento para compartilhamento de dados no Open Finance, contra 35 milhões de pessoas físicas. Os dados são da página do ecossistema, relativos ao final de setembro. Em termos de consentimentos ativos, são mais de 53 milhões.