Banco Central vai se manter vigilante ao aumento de gastos

Ao manter a taxa básica de juros em 13,75%, o Banco Central afirma que não hesitará em retomar o ciclo de ajuste da Selic.
Banco Central vai se manter vigilante ao aumento de gastos - Crédito: Marcello Casal Jr./Agência Brasil
Crédito: Marcello Casal Jr./Agência Brasil

A manutenção da taxa básica de juros, a Selic, em 13,75%, foi votada pela maioria dos membros do Comitê de Política Econômica (Copom) do Banco Central na reunião da semana passada, conforme ata divulgada nesta terça-feira, 27, pela autoridade monetária.

De acordo com o documento, as opções pela elevação de juros em 0,25 ponto percentual e pela manutenção da taxa básica de juros foram amplamente debatidas. “Por um lado, a elevação adicional da taxa de juros reforçaria a postura de vigilância e refletiria a observação da atividade mais forte do que esperada. Por outro lado, em favor da manutenção, estariam a cautela e a necessidade de avaliação, ao longo do tempo, dos impactos acumulados a serem observados do intenso e tempestivo ciclo de política monetária já empreendido”, revela a ata do Copom.

Por sete votos a dois, o comitê avaliou que, “diante dos dados divulgados, projeções, expectativas de inflação, balanço de riscos e defasagens dos efeitos da política monetária já em território significativamente contracionista, era apropriado manter a taxa de juros no patamar de 13,75% a.a.”

Os dois membros que votaram por subir os juros em 0,25 ponto percentual defenderam que o movimento “reforçaria a postura de vigilância e refletiria a observação da atividade mais forte do que esperada”.

Os membros do Copom, no entanto, foram unânimes ao reforçar que deverão perseverar até que se consolide não apenas o processo de desinflação como também a ancoragem das expectativas em torno de suas metas. “O Comitê enfatiza que não hesitará em retomar o ciclo de ajuste caso o processo de desinflação não transcorra como esperado”.

Cenário doméstico

Segundo a ata divulgada pelo Banco Central, os membros do colegiado analisaram que a inflação ao consumidor, apesar da queda recente em itens mais voláteis e dos efeitos das medidas tributárias, segue elevada. “Os componentes mais sensíveis ao ciclo econômico e à política monetária, que apresentam maior inércia inflacionária, mantêm-se acima do intervalo compatível com o cumprimento da meta para a inflação”, alertam.

Nesse cenário, as projeções de inflação do Copom situam-se em 5,8% para 2022, 4,6% para 2023 e 2,8% para 2024.

O Comitê ressalta que, em seus cenários para a inflação, permanecem fatores de risco em ambas as direções. Entre os riscos de alta para o cenário inflacionário e as expectativas de inflação, o comitê destacou, entre outros, uma maior persistência das pressões inflacionárias globais e a incerteza sobre o futuro do arcabouço fiscal do país.

“O Comitê avalia que o aumento de gastos de forma permanente e a incerteza sobre sua trajetória a partir do próximo ano podem elevar os prêmios de risco do país e as expectativas de inflação à medida que pressionem a demanda agregada e piorem as expectativas sobre a trajetória fiscal”, reforça a ata.

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Redação DMI

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