Banco Central alerta para riscos da computação quântica aos usuários do sistema financeiro
Os avanços em TI (Tecnologia da Informação) envolvem riscos ao sistema financeiro que exigem soluções do governo e das empresas. Essa preocupação foi manifestada hoje, 27, pelo presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, por executivos da instituição e de três grandes empresas do setor (IBM, Microsoft e Oracle), durante evento promovido pelo BC sobre inovações tecnológicas e financeiras.
“Toda a evolução tem os riscos associados. Para o montante de informação que temos na rede, ainda se fala pouco em cibersecurity [segurança da informação] ”, destacou o presidente do BC. Citou que esse tema também é tratado pelo Laboratório de Inovações Financeiras e Tecnológicas (Lift), criado pela autarquia para incentivar inovações em tecnologia da informação ligadas ao Sistema Financeiro Nacional.
Segundo os palestrantes, um dos principais temores é o avanço da computação quântica que poderá vir a ser usada por hackers para quebrar sigilos em sistemas de criptografia usados para proteger os usuários.
“Sem um grão de risco, o mundo não evolui”, afirmou Marcelo Yared, Chief Information Officer do BC. “No dia em que alguém conseguir quebrar a chave com um computador quântico, eu vou usar esse mesmo computador quântico para montar um sistema de criptografia que o sujeito não consiga quebrar”.
O próprio Yared projetou que isso será feito de forma organizada junto com os parceiros da iniciativa privada. Fez referência a Fabio Marras, Chief Tecnology Officer da IBM, que disse que “a tecnologia não existe por ser só tecnologia. O uso da tecnologia é para resolver problemas de negócios”.
Inteligência Artificial
O executivo do BC vislumbrou também que o uso da Inteligência Artificial (AI) poderá trazer problemas nos bancos. “E aí você imagina o dia em que uma máquina do banco ‘A’ negocia com uma máquina do banco ‘B’, sozinhas. Precisaremos ter muito cuidado, por exemplo, em como essas máquinas irão lidar com a regulação”, exemplificou. Em contraponto, Marras disse não prever uma situação em que os computadores tomarão todas as decisões. “Vai sempre ter um homem, um cachorro e o computador. O homem estará lá para alimentar o cachorro, e o cachorro estará lá para não deixar o homem colocar a mão em nada. A gente caminha para algo mais automatizado, mas não acho que iremos substituir o ser humano”.