Atrair empresas é o grande desafio do Open Finance na atualidade

Sistema financeiro aberto conta com aproximadamente 25 milhões de consentimentos, mas pessoas jurídicas respondem por menos de 1 milhão
Open Finance tem o desafio de atrair o consentimento de empresas
Painelistas discutem como o Open Finance pode atrair o interesse das empresas

Em quase dois anos em operação, o Open Finance, ou sistema financeiro aberto, adquiriu aproximadamente 25 milhões de consentimentos. No entanto, as empresas, que costumam ter uma relação mais próxima às instituições financeiras do que cidadãos comuns, respondem por menos de 1 milhão das decisões de compartilhamento de dados. Desse modo, atrair as pessoas jurídicas é o grande desafio do sistema de finanças abertas na atualidade.

Na avaliação de Márcia Usami, diretora de Credit Services da Serasa Experian, os usuários, em geral, consentem em abrir os dados quando percebem algum benefício ao tomar esta decisão. “A curva de adoção do PIX foi muito mais rápida, mas porque trouxe uma proposta de valor mais fácil de tangibilizar. O Open Finance passa por um desafio de aculturamento, e o que vai incentivar a adoção é a existência de algum benefício tangível”, afirmou, durante painel no Digital Money Meeting, evento realizado pela Momento Editorial, nesta quarta-feira, 12, em São Paulo.

Segundo Karen Machado, gerente executiva de Open Finance e BaaS do Banco do Brasil, o ecossistema aberto tem crescido em bom ritmo. Contudo, reforça o discurso de que ainda é possível melhorar a divulgação para atração das pessoas jurídicas.

“Temos a possibilidade de devolver muito valor para as empresas por meio do compartilhamento de dados. E não é só melhorar a precificação de produtos [financeiros], como atuar no gerenciamento [das empresas] como um todo”, disse a gerente do BB, sugerindo que o sistema pode ser ainda mais vantajoso para pequenos e médios negócios.

Na discussão, o vice-presidente de Produtos para Serviços de Banking da Pismo, Alexandre Pinto, sinalizou que o Open Finance tende a se valorizar com a implementação do Real Digital. Segundo ele, a moeda virtual poderá servir como um tokem de garantia para empréstimos.

“O grande benefício vai acontecer quando mudarmos o perfil de crédito no Brasil. Hoje, é sem garantia. Por isso, é muito caro. A partir do momento que encararmos o Open Finance não só como um sistema do Banco Central, mss  se conseguirmos estruturar mais a oferta de crédito baseada em colateral e garantias, vamos conseguir democratizar ainda mais o acesso a crédito e serviços financeiros”, avaliou o VP da Pismo.

Na visão de Marcelo Ramalho, CEO da Provu, o potencial das finanças abertas para reduzir taxas de juros ainda será um diferencial para atrair empresas. “Qualquer imprecisão, limitação ou incerteza se traduz em taxa. Quanto mais reduzirmos isso, mais benefícios entregaremos ao cliente final”, apontou.

De acordo com Márcio Alexandre, superintendente de Arquitetura e Governança de TI do Sicoob, o sistema ainda vai trazer impactos significativos para a economia nacional. “É uma infraestrutura que ainda está sendo construída. (…) Cada vez mais vai ser comum a percepção de que vale a pena compartilhar [dados com as instituições financeiras]”, frisou.

O painel foi moderado por Luigi Ievorlino, Líder de Centro de Excelência Em Open Finance da BIP Brasil.

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Eduardo Vasconcelos

Jornalista e Economista

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