As diferentes estratégias das plataformas de streaming para crescer no Brasil

Globoplay, Directv Go, Samsung TV Plus e Telecine desenvolveram, cada um, abordagem própria para garantir sua fatia no mercado brasileiro.

As empresas que oferecem serviços de streaming no Brasil têm diferentes estratégias para enfrentar o avanço de Netflix, Amazon Prime Video e Disney+. Globoplay, Directv Go, Samsung TV Plus e Telecine desenvolveram, cada um, abordagem própria para garantir sua fatia no mercado brasileiro.

O diretor de produtos da Globoplay, Erick Bretas, afirmou hoje, 26, durante o evento Streaming Brasil, realizado pelo site Teletime, que a estratégia de sua plataforma é trazer conteúdos exclusivos. Ele lembrou que o Big Brother Brasil é um grande catalisador de audiência. O público da plataforma cai ao final da temporada do programa “mas sempre fica uma parte todo ano”.

Bretas não revelou qual o total de assinantes do serviço. Pesquisa da Justwatch referente ao primeiro trimestre do ano indica que a Globoplay é a quarta principal concorrente no streaming local, atrás de Netflix, Amazon e Disney+. Segundo ele, o mercado de streaming brasileiro está ainda longe da saturação, uma vez que ainda há muitos clientes na banda larga a serem alcançados, e muitos por assinar internet de alta velocidade. Para fazer frente aos rivais, a plataforma aposta em conteúdo exclusivo. “Esperamos crescimento de 25% a 30%”, falou.

Linear

Gustavo Fonseca, presidente da Directv Go na América Latina, concorda com Bretas quanto à tendência de expansão das OTTs. “O Brasil vive um boom de banda larga fibrada”, afirmou. No caso de sua plataforma, a intenção é competir trazendo conteúdo linear para o streaming e um sistema de indicações capaz de sugerir para o consumidor o que está sendo transmitido nos canais que agradam o cliente, com base em seu histórico de uso.

O executivo afirma que a Directv Go não tem planos estruturados de produzir ou distribuir conteúdos exclusivos no Brasil, como faz no resta da América Latina. Nos países vizinhos, a empresa tem um canal de variedades e um de esportes que transmite disputas locais. Qualquer veiculação de conteúdo exclusivo, avisou, será resultado de parceria com a Sky Brasil, empresa que também pertence à Vrio, braço da AT&T para mídia na região. “Mas não temos um projeto estruturado e prazos”.

Facilidade de uso

O Samsung TV Plus também é uma plataforma que mira o conteúdo linear para se destacar. Mas conta com outro trunfo: ser integrado às smartvs da Samsung. Como explicou Aline Jabbour, diretora de desenvolvimento de negócios da Samsung TV Plus, a intenção da plataforma lançada em 19 países é atrair audiência em razão da facilidade de uso.

“A ideia do TV Plus é trazer a experiência que o consumidor tinha lá atrás de TV tradicional. Nosso diferencial é facilidade de uso. Tira da caixa, conecta na internet e liga o controle, o TV Plus tá lá. Não competimos com streamings, somos complementares”, afirmou.

Segundo ela, pesquisas internas da Samsung apontam que 46% dos consumidores transitam entre streaming e TV linear. Justamente neste momento em que sai de um app para ir para um canal, a TV Plus quer aparecer e ser uma opção. A monetização da plataforma não se dá por assinatura, mas por publicidade dentro dos canais transmitidos. “Nossos parceiros conseguem ver em tempo real a audiência do canal. Tem métricas com delay de um dia, tem métricas de hora em hora. Acaba o Big Brother, temos um spike na nossa plataforma”, contou.

Grandes lançamentos primeiro

Já Eldes Mattiuzo, diretor geral da Rede Telecine, que reúne estúdios de Hollywood afirmou que, embora alguns dos estúdios associado à plataforma tenham seus apps de streaming, por enquanto o Telecine seguirá como ambiente onde as estreias depois dos cinemas acontecem primeiro.

“Paramount, FOX e MGM, pela sociedade constituída no Telecine, o conteúdo de primeira janela continua vindo pra gente. Isso pode mudar? Difícil, porque o Telecine tem uma plataforma de distribuição muito grande, são seis canais Telecine e Megapix além do app”, ressaltou.

Nos Estados Unidos, é bom lembrar, todos esses estúdios priorizam os apps próprios. Mas Mattiuzo lembra que o mercado brasileiro tem outro nível de maturidade, se comparado ao norte-americano. “Tem diferença de público, tem diferença de poder aquisitivo. Não sabemos quantos streamings o brasileiro vai ter em média. Aqui no Brasil e na América Latina, acredito que esses produtores não vão limitar o conteúdo a suas plataformas”, frisou.

Ele contou que a pandemia trouxe problemas ao Telecine, que baseada muito de seu marketing em trazer estreia saídas do cinema antes de outros canais. “O fechamento dos cinemas tem sido um problema, está fazendo falta, é o grande alavancador de audiência”, ressaltou. Além disso, os estúdios atrasaram grandes produções, para estreá-las quando os cinemas reabrirem. A solução encontrada foi contratar filmes exclusivos, de menor orçamento, que são transmitidos sob o selo Premiére Telecine.

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Rafael Bucco

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