Após oito anos de retração, mercado global de PCs cresce em 2019
O mercado mundial de computadores cresceu 2,7% em 2019, após oito anos seguidos de retração, conforme dados da empresa de pesquisa de mercado Canalys divulgados hoje, 17. Ao todo foram fabricados 268,1 milhões de unidades.
Lenovo, HP e Dell concentraram a expansão do mercado. A Lenovo vendeu 64,8 milhões de PCs, 8,6% mais que em 2018. A HP comercializou 63 milhões, 4,7% mais. Já a Dell vendeu 46,5 milhões, 5,3% a mais que no ano anterior. Juntas, portanto, três empresas concentraram 65% do mercado mundial de computadores.
A Apple e a Acer são, respectivamente, a quarta e a quinta empresas que mais venderam máquinas no ano que passou. A Apple vendeu 19,12 milhões de unidades – alta de 3,3% -, enquanto a Acer vendeu 17 milhões, após retração de 3,4%. O conjunto de fabricantes menores mundo vendeu menos: 57,5 milhões, número 5,3% abaixo do registrado em 2018. Os números levam em conta desktops, notebooks e workstations.
A Canalys afirma que o resultado é surpreendente, uma vez que a Intel passa por dificuldades para atender à demanda por seus chips. “Os esforços da Intel permitirão que a empresa abasteça o mercado com o mesmo volume em 2020, mas os gargalos dificilmente vão desaparecer em breve”, avalia Isha Dutt, analista da consultoria.
2020 será pior
Os analistas da Canalys jogam um balde de água fria sobre quem tiver expectativa de que o crescimento se repita neste ano. Explicam que fatores macroeconômicos continuarão a influenciar a demanda em mercados-chave como Estados Unidos, Japão e Índia. Todos estes devem ter encolhimento.
Outro fator determinante será o resultado da oferta hostil da Xerox pela HP, que ditará o futuro da segunda (por pouca diferença) maior fabricante do planeta. A Xerox teria proposto pagar US$ 33 bilhões pelo controle da HP.
Por fim, inovações recentes não serão capazes de aquecer o mercado por si só. “5G e telas dobráveis trarão ânimo, mas ainda é tudo experimental”, resume o diretor da Canalys, Rushabh Doshi. Segundo ele, faltam casos de uso que justifiquem a demanda por computadores com tela dobrável, e ainda será preciso duas ou três gerações para provar ao público que são produtos duráveis.
Já a 5G precisa estar disponível em mais lugares para o consumidor justificar a compra de um PC com essa tecnologia de conectividade. “A adoção em larga escala de computadores com 5G e telas dobráveis ainda está pelo menos dois a três anos distante”, avalia.
A consultoria projeta retração, ainda que baixa, do mercado mundial de PCs não só em 2020, como também em 2021, 2022 e 2023. Com isso, não há no horizonte expectativa alguma de que o mercado retorne ao patamar de 2011, quando foram vendidos cerca de 350 milhões de unidades, 82 milhões a mais que os 268 milhões de 2019.