Antena 4G é possível fonte da interferência que parou o aeroporto de Guarulhos

Sinal emitido a 2 km de distância por ERB 4G compartilhada pelas três operadoras móveis nacionais pode ter mexido com o GPS de aeronaves em pouso e decolagem, diz Anatel

Despesas de brasileiros no exterior dobram - Crédito: Freepik

O funcionamento do Aeroporto Internacional de Guarulhos (SP) foi afetado por interferências, possivelmente de telefonia 4G, na terça-feira, 3. Entre 8h45 da manhã e 17h, uma emissão de rádio embaralhou os equipamentos GPS das aeronaves em pouso e decolagem, o que levou à paralisação do tráfego aéreo. A situação resultou em atrasos e cancelamento de voos.

Acionada, a Anatel iniciou a “operação caçada” para encontrar a fonte do problema, que já havia acontecido, por um curto intervalo, no dia 29 de agosto. Os fiscais encontraram uma torre a 2 km da pista, emitindo sinais espúrios de 4G na faixa de 700 MHz.

A hipótese tida como mais provável é que dela partiu o sinal que afetou os GPS. Isso porque o sistema de localização global trabalha entre 1,2 GHz e 1,5 GHz, o dobro da frequência 4G. Tal condição faz com que os chamados “harmônicos” de 700 MHz causem interferência na faixa duas vezes mais alta quando filtros de sinal não estejam em bom funcionamento.

Segundo a agência, a estação 4G foi desligada, cessando a interferência no aeroporto de Guarulhos. Após ser religada, os problemas não voltaram. Isso impede que haja certeza absoluta quanto à origem da anomalia.

Por garantia, uma equipe está de prontidão no aeroporto a fim de verificar se o sinal reaparecerá. Em caso positivo, será determinada a manutenção da estação pelas operadoras, pois pode ser um defeito. As empresas, por iniciativa própria, já estão acompanhando de perto o funcionamento da ERBs a fim de agir rápido caso a interferência reapareça.

“Neste momento, trabalhamos com a hipótese mais provável de que foi alguma saturação do equipamento, que se corrigiu ao religar”, observou Marcelo Scacabarozi, gerente da regional de São Paulo da Anatel.

Nada a ver com 5G

O problema não tem relação com as preocupações que cercam a interferência do 5G operado em 3,5 GHz sobre os radioaltímetros dos aviões. Estes dispositivos operam acima de 3,7 GHz, distante da frequência dos GPS, portanto.

Aqui no Brasil, a Anatel editou o Ato 9.068 em 2022, que limitou a potência das estações móveis 5G que operam em 3,5 GHz nos arredores dos aeroportos. Pelo texto, as operadoras ficaram impedidas de ter antenas mais perto que 2,1 km das extremidades da pista de pouso e decolagem, e a 910 metros de distância de cada lado do eixo lateral. O ato perdeu a validade em 31 de julho último.

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Rafael Bucco

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