André Barbosa: “A péssima ideia de trocar o conversor pela TV”

São os próprios brasileiros que viram o rosto para a tecnologia nacional, o Ginga. Ao permitir que o conversor possa ser usado como entrada por um aparelho de TV digital, elimina-se por completo a interatividade, pois as TVs vem com um software bem mais simples que não deixa a interatividade vir de graça.

Andre BarbosaAndré Barbosa Filho

Enfim, fabricantes, telcos, radiodifusões comerciais e governo Temer somados à Anatel conseguem acabar com o processo de interatividade por radiodifusão gratuita e voltada para o público sem internet domiciliar. A possibilidade de compra de TVs usando os conversores de sinal de TV digital, ou as famosas caixinhas da TV Digital recebidas gratuitamente pelos usuários do Bolsa Família/Cadastro Único, como parte do pagamento pelo aparelho de TV, como anunciado esta semana pelo ministro Gilberto Kassab, elimina a conquista da interatividade com a utilização do Ginga completo, pois as TVs só têm o Ginga A, que precisa da INTERNET para receber aplicativos.

É uma pena, pois a criação do genial Prof. Luis Fernando Soares e sua equipe da PUC RJ vai estar restrita apenas a uma parte do projeto Ginga, exatamente aquela que mas se acerca da posse de conectividade nos domicílios para que possa surtir efeito concreto de uso. E, convenhamos, o Ginga é o primeiro dos sistemas tecnológicos de informação essencialmente nacional a ser aceito pela União Internacional de Telecomunicações. Mas foram os próprios brasileiros que viraram o rosto para o Ginga.

O Ginga C foi descartado pelos fabricantes de TV, que preservam seus modelos de negócios promovendo vendas de produtos inseridos em portais de suas Smart TVs ou TVs conectadas. Vendas essas que lhes rendem um percentual sobre cada ação finalizada.

O Ginga que está nas caixinhas da TV Digital, por sua vez, tem o Ginga C, e permite que aplicativos e vídeos interativos, públicos ou privados, cheguem às telas das TVs de quem as possuem, gratuitamente.

Sem essas caixinhas, a população, para gáudio das telcos, vão ser obrigadas a se conectar a um servidor de banda larga para ter acesso aos benefícios das TVs conectadas. Tudo seria maravilhoso se o público desses programas sociais tivessem recursos para manter as assinaturas de banda larga mensalmente. É, talvez você não acredite, mas pelo menos 60 milhões de brasileiros, aproximadamente 34% da população brasileira, não tem esses recursos.

Queríamos levar a inclusão digital a todos os brasileiros. O caminho mais curto seria a TV Digital. Entretanto, vai ser mais do mesmo.

André Barbosa Filho – PhD

 

 

 

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