Anatel prevê operadora de infraestrutura para atuar após leilão da 5G

O superintendente de Competição da Anatel, Abrãao Balbino, afirma que poderá surgir uma operadora de infraestrutura para gerir a ocupação dos postes da rede elétrica e que a agência poderá criar mais estímulos para que operadoras e empresas que não têm acesso ao espectro possam ocupá-lo.

 

Futurecom- ” O dever de casa para depois do leilão da 5G é encontrar solução para a infraestrutura passiva e urbana e para o acesso ao espectro”, afirmou  o superintendente de Competição da Anatel, Abrão Balbino, ao avaliar os principais desafios que irão surgir após a licitação de frequências a ser realizada pela agência. Entre as alternativas que estão em análise pelo regulador, disse ele, está a da criação  de uma operadora de infraestrutura, que ficaria responsável por gerir a ocupação dos postes de energia elétrica.

Segundo Balbino, o acesso a essa infraestrutura é essencial e inevitável para que as redes de telecomunicações, calcadas na fibra óptica possam oferecer as reais condições para a 5G funcionar. E esse é, no seu entender, um dos principais gargalos setorias. Ele acredita que a criação de uma única operadora para gerir essa infraestrutura não encontrará  resistências entre os dois setores envolvidos – de telecom e de energia elétrica. Assinalou que, há 10 anos, as torres de celular eram tidas como ativos imprescindíveis para a prestação do serviço e que esse entendimento já não existe mais, tendo em vista que as operadoras já venderam essa infraestrutura para operadores especializados.    

Balbino não descarta tão pouco o surgimento de uma operadora de rede – que passaria a oferecer o acesso ao backbone e bakchaul no atacado para as demais operadoras- mas observa que, nesse caso, caberá ao mercado encontrar a melhor solução, enquanto que na hipótese da operadora de infraestrutura de postes,  poderá ser regulamentada pela Anatel.

Espectro

O acesso ao espectro é outro tema que, no entender do superintendente, terá que ser enfrentado pela Anatel assim que a 5G se concretizar no país. Isso porque, explicou, em qualquer modelagem de venda a ser definida pelo Conselho Diretor, algumas operadoras poderão deter em seu portfólio mais de 1 GHz de frequência.  Para ele, a agência deverá criar diferentes mecanismos para que outras operadoras possam ter acesso a essas frequências.

Segundo Balbino,  o mercado secundário criado pela nova lei de telecomunicações não esgota as alternativas que podem ser criadas para estimular a melhor ocupação das frequências radioelétricas brasileiras.

Abrão Balbino salientou a modelagem do leilão está em debate no Conselho Diretor da Anatel (o conselheiro Emmanoel Campelo é o novo relator da consulta pública), mas observou que uma das preocupações da agência é que os blocos a serem vendidos sejam capazes de permitir ao usuário usufruir toda a experiência da 5G.

Preço 

Embora tenha reforçado que o objetivo da Anatel é o de promover um leilão não arrecadatório, há ainda muitas incertezas na formação do preço, devido a alta complexidade dos modelos de negócios que irão surgir com a tecnologia 5G.

Inicialmente, está-se lidando com três modelos de negócios para as frequências a serem vendidas: a oferta de mais banda larga no celular (o que pode significar, para as operadoras, cobrar o mesmo Arpu (conta média), só que com mais investimentos em rede; a FWS (banda larga fixa com acesso pela 5G) e a atuação em todas as verticais de negócios.  “Essas três dimensões já trazem consigo incertezas, pois é muito grande a complexidade de modelos de negócios”, afirmou.

Por isso, concluiu, será necessário repensar toda a cadeia de valor de acesso ao espectro, e a Anatel poderá criar incentivos regulatórios para que esse acesso aconteça.

 

 

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Miriam Aquino

Jornalista há mais de 30 anos, é diretora da Momento Editorial e responsável pela sucursal de Brasília. Especializou-se nas áreas de telecomunicações e de Tecnologia da Informação, e tem ampla experiência no acompanhamento de políticas públicas e dos assuntos regulatórios.
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