Anatel não apoia 5G em 28 GHz e quer restrição para faixa de 40 GHz, em defesa dos satélites

O presidente da Anatel, Leonardo de Morais, afirmou que a faixa de 28 GHz vai ficar para o satélite, embora diferentes países a estejam usando para o celular. E que o Brasil vai defender restrições à proposta da UIT de destinar a faixa de 40 GHz também para a 5G.

O presidente da Anatel, Leonardo de Morais, que participou essa semana do Satshow, evento de satélite realizado em Washington, Estados Unidos,  deu alguns recados para a indústria de satélite e de telefonia móvel, que travam acirradas disputa por mais frequências. O executivo antecipou algumas da posições que o Brasil vai defender na WRC-19 (Conferência Mundial de Radiocomunicação da UIT), que acontece este ano no Egito, entre 28 de outubro a 22 de novembro.

O primeiro recado: o Brasil mantém a posição de não reconhecer a faixa de 28 GHz como propícia para a telefonia celular. Embora não esteja prevista a atribuição dessa frequência para o IMT ( a tecnologia da 5G) na Conferência da UIT, há uma forte pressão de diferentes empresas para que a UIT (União Internacional de Telecomunicações) passe a considerar também esse espectro para a banda larga móvel.

Isso porque poderosos mercados, como os Estados Unidos, Japão e Coreia já venderam  essa frequência para as operadoras de celular que começam a usá-las comercialmente.

Mas a Anatel decidiu, no ano passado, destinar 1,8 GHz dessa banda – que tem 4 GHz – exclusivamente para o serviço de satélite, apesar dos protestos da Oi e da Qualcomm, que pediam para que pelo menos essa faixa fosse compartilhada com o celular. 

E Morais defendeu essa decisão, durante o evento em DC: “A implementação a longo prazo do 5G  depende do gerenciamento de uma mistura híbrida de fibra, microondas e satélite. A convergência de redes é uma realidade. Nenhuma tecnologia ou empresa pode, por si só, atingir todos os mercados, aplicações e clientes possíveis”.

Segundo Morais, apesar de a Anatel entender o interesse da indústria de celular, que quer essa faixa para si, “o Brasil  leva a sério a importância da proteção da banda Ka. Isso se deve à importância dessa banda para a implementação da política pública que envolve a conectividade e o papel que a banda larga satelital tem nessa questão. O Brasil não está apoiando a identificação do IMT em 28 GHz, uma vez que está fora do escopo da reunião da UIT”, afirmou.

Restrições para a faixa de 40 GHz

Uma outra posição brasileira antecipada pelo presidente da Anatel nesse evento refere-se à destinação da faixa de 40 GHz – que vai de 37 GHz a 42 GHz, e que, nesse caso, está sendo indicada pela própria UIT como propícia ao IMT, ou  à 5G.

E o Brasil vai ter que trabalhar muito para conseguir fazer valer sua posição na Conferência, que acontecerá na cidade egípcia de Sharm el-Sheikh.

Conforme Leonardo de Morais, a Anatel “enfatiza a necessidade de proteger o Serviço de Satélite Fixo de Alta Densidade (HD-FSS), reconhecendo que os projetos de satélites são de longo prazo, projetados para cobertura regional e, portanto, exigem estabilidade regulatória.”

A proposta da equipe técnica da agência é de que se estabeleçam restrições à 5G nessa faixa, o que ele chamou de “faixa de sobreposição”. ” É muito claro que a proteção é necessária. É possível fazer isso com uma abordagem mais flexível? É isso que a diretoria da Anatel decidirá”, avisou ele.

 

 

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Miriam Aquino

Jornalista há mais de 30 anos, é diretora da Momento Editorial e responsável pela sucursal de Brasília. Especializou-se nas áreas de telecomunicações e de Tecnologia da Informação, e tem ampla experiência no acompanhamento de políticas públicas e dos assuntos regulatórios.
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