Mudanças no comando da Oi expõem os conflitos internos, segundo analistas
A saída do presidente da Oi, Bayard Gontijo, em meio a negociações para repactuação da dívida da companhia, que atingiu o valor bruto de R$ 49,3 bilhões no último trimestre, eleva o grau de incerteza sobre o futuro da concessionária e traz indicativos, na visão de analistas, de que existe um forte conflito no board. A renúncia de Robin Bienenstock, conselheira independente, também reforça a tese, segundo analistas consultados pelo Tele.Síntese e que preferem não se identificar.
“São péssimas notícias”, resume um deles. Entre os mais ponderados, há quem diga que os efeitos da renúncia só serão percebidos quando vier à tona o resultado da negociação com credores. Todos concordam que, para acionistas, a montanha-russa que tem sido comprar e vender papeis da empresa deverá continuar, embora agora a tendência seja negativa.
“Nos últimos 30 dias os papeis subiram 100%, dificilmente haverá uma baixa desse tamanho”, ressalta um analista. Outro afirma: “O movimento recente de alta não teve nenhuma justificativa a não ser especulação, uma vez que os fundamentos da empresa não mudaram nada”.
É na mudança dos fundamentos que todos estão de olho. O mercado, dizem, acredita em solução este ano. “Mas é impossível dizer se uma recuperação judicial virá. Vai depender de quando a renegociação for concluída, a que termos, e da trajetória operacional da empresa enquanto isso”, acrescenta mais um analista.
A corretora Itaú BBA vê como negativa a dança das cadeiras na operadora. Mas ressalta que a maior responsabilidade sobre a renegociação da dívida recai sobre o CFO Flávio Guimarães, e não sobre o CEO da Oi. Interpreta com mais pessimismo a saída de Bienenstock, quem, diz a corretora, tinha o papel de “facilitar o contato com um novo tipo de investidor”. Sua saída poderia limitar alternativas para a tele.
Reestruturação
A notícia de mudança no comando levou a reações diversas do mercado. Os papeis ordinários caíram 5,61% hoje, 13, enquanto os preferenciais tiveram alta de 7,92%. Segundo informações do jornal Valor, a renegociação da dívida da empresa, cujo montante bruto era de R$ 49,3 bilhões ao final de março, motivou a saída de Gontijo.
A proposta negociada pelo executivo exigiria uma diluição das ações detidas pela portuguesa Pharol/Bratel, controlador português com 25% das ações. O plano tecido prevê que até R$ 25 bilhões do endividamento sejam convertidos em ações, o que daria aos credores 90% das ações da Oi, reduzindo em muito a fatia dos atuais controladores. Os portugueses têm quatro das 11 cadeiras do conselho de administração da Oi.