Americanet cria operadora de rede neutra subterrânea, a Siena Brasil

A Siena Brasil nasce do grupo Americanet e iniciou a construção de 6 mil quilômetros de rede subterrânea no estado de São Paulo. Investimento será de R$ 1 bilhão até 2028, mas plano prevê antecipação com entrada de mais sócios.

Crédito: Freepik

O grupo Americanet entrou no segmento de rede neutra subterrânea, com a criação da Siena Brasil. O negócio vai implantar inicialmente 6.000 km de fibra em dutos no estado de São Paulo, para atender o mercado B2B e B2C.

A expectativa é construir 1.000 km de rede subterrânea por ano, nos próximos seis anos, na capital e no estado de São Paulo. Para tanto, prevê aporte total de R$ 1 bilhão, dividido até o fim da meta inicial. Os recursos são próprios do grupo.

De acordo com Lincoln Oliveira, presidente da Americanet, a iniciativa foi pensada como uma alternativa para resolver os problemas relacionados à implantação de rede aérea em diferentes cidades do país. As regras de uso de postes estão em discussão na Anatel e na Aneel desde 2018, com objetivo de rever a atual norma para uso dessas infraestruturas, processo ainda sem previsão de conclusão.

Para Oliveira, a rede neutra subterrânea, apesar não ser a alternativa mais barata, é a melhor saída para resolver os problemas de falta de espaço nos postes e manutenção da infraestrutura das redes aéreas.

“Decidimos criar uma rede neutra para que não só a Americanet, mas outras operadoras possam utilizá-la para se conectar com seus clientes. Nossa proposta é atender as mais diversas empresas de telecomunicações, das operadoras aos provedores regionais, ajudando a expandir a oferta de banda larga de altíssima velocidade em toda a capital paulista”, explica o executivo.

Busca por parceiros

A rede contará com quatro dutos, sendo um deles para uso da Americanet e os demais disponíveis para outras operadoras do mercado que tenham interesse, além de possibilitar a comercialização de dark fiber (fibra apagada) ou capacidade por meio da nova rede.

Nesse sentido, a Siena Brasil, que atualmente está sob o guarda-chuva Americanet, está em busca de investidores que se tornarão sócios da empresa. “Com a entrada de novos parceiros, esperamos antecipar a entrega dos 6.000 km em até três anos”, comenta Oliveira.

Uma parte da rede, que começou a ser construída e implementada no segundo semestre de 2022, já está disponível para atender algumas regiões da capital paulista: Berrini, Pinheiros, Vila Olímpia, Liberdade e Jardins.

A expansão da rede será gradual, visando a entrega de cerca de mil quilômetros por ano, a fim de alcançar outras regiões e municípios de São Paulo, nos próximos seis anos. As regiões metropolitanas de São José dos Campos, Americana a Limeira também já estão com os projetos de construção da rede subterrânea prontos e aprovados, segundo a Siena.

Os cabos ópticos, espera a companhia, poderão ser utilizados para a oferta de banda larga FTTH (fibra até a casa do cliente) ou para atender torres 5G. Os dutos são 100% novos, e as autorizações para construção, obtidas pelo grupo Americanet.

ESG

Uma das preocupações da empresa na viabilidade do projeto foi entrar em conformidade com a agenda ESG, especialmente no que diz respeito às boas práticas ao meio ambiente. Segundo o presidente da Americanet, as tampas da rede de dutos subterrâneos, por exemplo, que tradicionalmente são produzidas em ferro, atraindo a ação de bandidos e vândalos que subtraem as peças e as comercializam no mercado “paralelo”, serão fabricadas com plástico reciclável.

Outro destaque do projeto, avalia, é o monitoramento dos dutos por meio de tecnologia IoT (Internet das Coisas). “Além da construção da rede subterrânea, a Siena também será responsável pela manutenção da rede. Uma central de comando e controle irá sinalizar qualquer indício de falha no sistema para reparos ou reposição de peças, otimizando o trabalho das equipes. Sensores instalados em pontos estratégicos da rede irão apontar possíveis causas e soluções do problema, incluindo relatórios de manutenção preventiva”, explica Oliveira.

O modelo comercial da rede neutra é tradicional: alugar a infraestrutura para outros provedores de internet ou operadoras móveis utilizarem a capacidade “e reduzir os custos de Capex e Opex, que seriam direcionados à construção e manutenção de uma rede própria”.

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Rafael Bucco

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