Alteração da lei de concessão é fundamental para impulsionar a IoT, diz Nokia

Segundo diretor da companhia o modelo brasileiro de concessões dificulta que tecnologias e serviços sejam oferecidos

O tema regulatório é essencial para impulsionar a Internet das Coisas no Brasil, mas não basta reduzir o valor do Fistel para o sensores, será preciso também alterar a lei das concessões, um marco de 1995, voltada para o investimento inicial e não se adéqua ao mundo cada vez mais movido a serviços. A avaliação é do diretor para desenvolvimento de Novos Negócios da Nokia, Leonardo Finizola, em entrevista à imprensa, nesta quarta-feira, 28, na Futurecom.

Segundo o executivo, a redução do Fistel para sensores, prevista no PL 6549/2019, que está sendo relatado pelo senador Vanderlan Cardoso (PSD-GO) precisaria ser aprovada este ano, mas o calendário eleitoral está atrasando a votação. “Parece que há a possibilidade de o governo resolver essa questão ainda este ano”, disse.

“Para nós, é importante [a redução do Fistel] porque há muitas verticais massivas que precisam chegar ao mercado, cujos sensores custam R$ 1 e não podem pagar R$ 5 a R$ 6 como taxa de Fistel de entrada” afirmou Finizola. Do mesmo modo, considera que o modelo de concessões do Brasil dificulta que serviços sejam oferecidos. “A gente vê claramente no tema do Smart metering, nas próprias rodovias, nas cidades inteligentes. A forma que é montado o modelo de concessão dificulta que tecnologias e serviços sejam oferecidos”, afirma.

Sobre a participação do BNDES no Plano Nacional de IoT, o diretor da Nokia acredita ser necessária uma política industrial que norteie a atuação do banco. “Para mim, essa conexão entre a política e a ação do BNDES é o que deve ser feita agora”, salientou.

Agro

O avanço da IoT na América Latina está concentrado em grande parte na indústria automobilística, mas no Brasil, o agronegócio tem sido o destaque, afirma Finizola. De acordo com ele, a Nokia já conectou cinco milhões de hectares, beneficiando 675 mil pessoas, e as máquinas que estão no agro têm até mais de 100 sensores. “Essas  informações que estão hoje dentro da máquina precisam subir para aplicações integradas ao processo, aí sim eu vejo no Brasil um movimento muito forte, pela importância do setor”, disse.

5G

O executivo acha que o 4G é uma grande tecnologia que já está disponível e pode ser usada. “O 5G vai vir, é muito importante, mas há muita coisa a ser feita agora com o 4G nas ferrovias, nas estradas, no agro, nas minas, na indústria e até nas comunicações”, disse. Finizola elogiou as manifestações da Anatel em dedicar frequências para as indústrias. ” Vemos também que, no futuro, as próprias operadoras de telecomunicações terão um papel muito importante no fornecimento de redes privativas, mesmo que as frequências sejam adquiridas pelas indústrias”, disse.

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Lúcia Berbert

Lúcia Berbert, com mais de 30 anos de experiência no jornalismo, é repórter do TeleSíntese. Ama cachorros.

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