Algar Telecom tem prejuízo em 2024 e anuncia plano de guinada

Companhia inicia plano de guinada, turnaround no jargão corporativo, após queda na rentabilidade e acelera aposta em TIC e serviços digitais

Com prejuízo líquido de R$ 331,2 milhões em 2024, mais do que o dobro das perdas contabilizadas em 2023, a Algar informou ao mercado no fim de semana que vai iniciar um plano de guinada (turnaround), com a meta de recuperar suas margens.

Para reverter o quadro e executar a quinada, a Algar iniciou, no segundo semestre de 2024, um plano de turnaround que incluiu reestruturação organizacional, revisão de processos comerciais, digitalização de operações e adoção de inteligência artificial em atendimento, vendas e suporte técnico. A empresa também declarou ter revisitado sua atuação regional para intensificar o foco em áreas com maior densidade de mercado.

A lista de ações que estão sendo tomadas pela companhia inclui:

  • Alteração da estrutura organizacional

    • Reestruturação interna, incluindo mudanças em desenho organizacional, como parte da estratégia para reverter a estagnação da unidade B2B e retomar crescimento operacional.

  • Revisão de incentivos e processos comerciais

    • Ajustes nos modelos de incentivo às equipes e nos processos de vendas para estimular desempenho e crescimento das receitas.

  • Revisitação da atuação regional da empresa

    • Reanálise da presença geográfica da Algar Telecom com foco na intensificação de ações em áreas com maior densidade de mercado potencial.

  • Revisitação de parcerias estratégicas

    • Avaliação e possível redirecionamento de parcerias com foco em ganhos de eficiência e alinhamento com a nova estratégia.

  • Otimização de operações

    • Ações voltadas à melhoria de eficiência nas operações, reduzindo estruturas ociosas ou mal aproveitadas, principalmente em redes e atendimento.

  • Internalização de atividades de suporte

    • Algumas funções antes terceirizadas (via centro de serviços compartilhados) passaram a ser realizadas internamente, com impacto em despesas de pessoal e serviços de terceiros.

  • Aceleração de iniciativas de digitalização

    • Implementação de soluções digitais para melhorar processos internos e a experiência do cliente.

  • Uso de inteligência artificial em processos operacionais

    • A IA passou a ser aplicada em áreas como:

      • Vendas

      • Atendimento

      • Reparo

      • Faturamento

  • Programa Impulso

    • Iniciativa voltada a aumentar receitas, eficiência e produtividade da companhia.

Números

O desempenho negativo do ano passado foi atribuído a revisões contábeis, aumento das despesas operacionais e da depreciação, além de um desempenho aquém do esperado no segmento B2B, historicamente responsável pela maior parte da receita da companhia.

A margem EBITDA anual recuou para 34,7%, ante 35,6% no ano anterior, e abaixo da média de 42,7% registrada entre 2020 e 2022. No acumulado do ano, a receita líquida cresceu 2,7%, alcançando R$ 2,82 bilhões, impulsionada principalmente pelo desempenho do segmento B2C.

O negócio B2B respondeu por 66% da receita da empresa, mas apresentou crescimento de apenas 0,2% no ano. O principal componente desse segmento, os serviços de conectividade, caiu 6,7%, pressionado por restrições macroeconômicas e fatores internos. As receitas com M2M e voz fixa também recuaram. Por outro lado, os produtos de tecnologia da informação e comunicação (TIC) avançaram 21,4%, sinalizando uma mudança na composição da carteira.

No segmento B2C, a Algar apurou aumento de 8,2% na receita em 2024. Os serviços de banda larga por fibra óptica foram os principais responsáveis pelo avanço, com crescimento de 11,7%. A companhia conectou 28,8 mil novos clientes ao longo do ano e atingiu 99,6% de penetração de fibra entre os acessos residenciais. Serviços adicionais como Casa-ON (gestão de Wi-Fi) e o app de telemedicina Mediquo também contribuíram para o resultado.

O resultado financeiro líquido somou uma despesa de R$ 446,2 milhões, influenciada por variações monetárias e encargos sobre debêntures. A dívida bruta recuou 16,6%, para R$ 3,3 bilhões, mas a dívida líquida subiu 1,1% em razão da redução do caixa. Em fevereiro de 2025, a Algar fez uma nova emissão de debêntures no valor de R$ 400 milhões, com o objetivo de alongar o perfil da dívida e reduzir custos.

O investimento total (capex) foi de R$ 629,2 milhões, representando 22,3% da receita líquida. Os aportes foram direcionados à ativação de clientes, ampliação da capacidade da rede, evolução do serviço móvel e manutenção da infraestrutura.

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Rafael Bucco

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