Alares vai se manter protagonista na consolidação do mercado, diz o CEO Denis Ferreira

Denis Ferreira descarta, porém, a criação de uma MVNO, mas defende que toda a faixa de 6GHz deva se manter reservada para o WiFi, para ampliar a competitividade, a capacidade e a oferta de mais serviços.
Denis Ferreira, CEO Alares
Denis Ferreira, CEO Alares

A Alares vai continuar este ano crescendo de forma orgânica, mas também atuando como protagonista na consolidação do mercado de banda larga fixa, afirma o CEO Denis Ferreira. Ele diz que o mercado brasileiro já mudou bastante frente ao período pré-pandemia, quando existiam green fields (ou áreas inexploradas), mas avalia que ainda há boas oportunidades para o crescimento inorgânico, e a empresa sempre estuda essa oportunidades não apenas nas regiões onde  está instalada – nos estados de São Paulo, Minas Gerais e Rio Grande do Norte, Ceará, Paraíba e Bahia- mas também poderá se dirigir para novas regiões.

A aquisição de diferentes provedores está no DNA do provedor, e Ferreira passou os dois anos na liderança da operadora fazendo a integração dos sistemas, da rede, do back office. “Quando assumi, tínhamos 18 CNPJs e sete marcas diferentes”, afirma. Hoje, praticamente todas as marcas já estão integradas sob o manto da Alares, à exceção do último provedor, comprado no ano passado, a Webby Internet, com sede na cidade de Ourinhos, no interior de São Paulo. Mas à exceção da marca, esta empresa também já está toda integrada à estrutura da Alares, com seus 115 mil clientes já internalizados.

Consolidação do mercado

O executivo prefere, no entanto, não confirmar nem desmentir seu interesse por uma parcela dos clientes da Oi, que seria mais um movimento de consolidação do mercado. A Oi colocou à venda a sua base de mais de 4 milhões de clientes de banda larga fixa. Segundo Ferreira, “cabe à Oi informar como estão as negociações”.

O CEO da Alares observa que, além da integração, foi feito também um trabalho de mapeamento de toda a rede, que permite a empresa agir rapidamente e até pontualmente quando há necessidade de maior disponibilidade de rede, e até mesmo de fazer ofertas customizadas, a nível de bairros, a depender da concorrência. ” O processo de integração foi de 360 graus, quando criamos até mesmo uma nova organização. Hoje, conseguimos saber exatamente onde está a nossa rede e aonde estão os nossos clientes e com isso conseguimos também oferecer muito mais serviços de valor agregado, gerando mais valor”, completa.

Segundo Ferreira, com a oferta de mais serviços – recentemente a operadora fez uma parceria para telemedicina – a Alares consegue manter uma postura mais equidistante em relação à guerra de preços na banda larga fixa, concorrência essa, afirma, que também está partindo das grandes operadoras, que estão muito mais agressivas em suas ofertas.

WiFi

Mesmo com a acirrada competição no segmento em que atua, Ferreira afirma que a Alares não vai migrar para a telefonia móvel, criando uma operação de MVNO (Operadora Móvel Virtual). Mas isso não significa que a empresa não tenha planos para o mundo sem fio. A Alares aposta bastante no WiFi6 como um diferencial competitivo importante e, para isso, lembra o executivo, é fundamental que o Brasil mantenha toda a faixa de 6 GHz para o Wifi, até porque, afirma, a própria evolução do WiFi para a versão 7,  ocupar esse mesmo espectro.

” Não vemos necessidade de ingressar no mundo móvel, não faz parte de nossa prioridade. Mas poderá ser um grande diferencial usar toda a frequência de 6 GHz, pois vamos conseguir levar serviço de muito maior capacidade”, diz.

Denis Ferreira também não se mostra muito entusiasmado com o potencial das redes neutras para o seu negócio. Avalia que a equação econômica das redes neutras ainda não faz sentido. E aponta que a falta de uma solução para a questão do compartilhamento do poste acaba atrapalhando até mesmo os planos de expansão da empresa. Por isso, defende que surja realmente a figura do “explorador neutro do poste”, mas que seja efetivamente neutro para tornar disponível a sua infraestrutura de forma homogênea.

Números de 23

A Alares encerrou 2023 com 629 mil assinantes de banda larga fixa. A base foi incrementada por 121 mil clientes no ano passado, sendo 115 mil (95%) oriundos da Webby, especificamente no sul do estado de São Paulo e no norte do Paraná.

Com expansão orgânica e aquisição do provedor, a rede da Alares avançou para mais 65 cidades ao longo do ano passado – no total, tem cobertura em 179 municípios espalhados por sete estados (PR, SP, MG, BA, CE, RN e PB). Segundo o balanço, quatro cidades já tem disponibilidade da tecnologia XGS-PON. Mas fechou no vermelho, principalmente por ter feito a troca de sua rede para o FTTH.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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Miriam Aquino

Jornalista há mais de 30 anos, é diretora da Momento Editorial e responsável pela sucursal de Brasília. Especializou-se nas áreas de telecomunicações e de Tecnologia da Informação, e tem ampla experiência no acompanhamento de políticas públicas e dos assuntos regulatórios.
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