Águas de Fortaleza contesta relatório da Anatel sobre a usina Dessal do Ceará

Consórcio responsável pela construção da Dessal do Ceará diz que mantém posição e seguirá o cronograma da obra.

Crédito-Freepik

A SPE Águas de Fortaleza enviou nota ao Tele.Síntese na qual contesta o relatório da Anatel a respeito dos riscos para a construção da usina Dessal do Ceará. Diz o consórcio responsável pela obra que “o projeto da usina de dessalinização não traz qualquer ameaça aos cabos e nem aos data centers que existem na Praia do Futuro”.

Segundo o grupo, “mais de 20 pareceres de órgãos técnicos ambientais aprovaram a Licença Prévia para a execução do projeto”.

A empresa acusa a Anatel de parcialidade e dá a entender que a preocupação com riscos às infraestruturas críticas de telecomunicações, os cabos submarinos que chegam à região e data centers, são apenas interesses privados.

“O governo e o povo cearense, que convivem com o problema da falta de água, não devem aceitar um parecer sem base técnica, manifestamente parcial, que atende apenas a interesses privados. A Anatel não tem poder de veto no projeto e está apenas sendo porta-voz de empresas interessadas em privatizar a Praia do Futuro”, diz a manifestação.

A SPE Águas de Fortaleza é uma sociedade privada criada pelo consórcio que venceu a licitação da Cagece para construir, operar e manter a usina de dessalinização pelos próximos 30 anos. Projeto este orçado em R$ 3,2 bilhões. Integram o consórcio a Construtora Maquise, PB Construções e Abengoa Água.

Na nota, a SPE Águas Fortaleza acusa, sem apresentar provas, a Anatel de ter um “comportamento eivado, de rigor desnecessário no Estado do Ceará”. Diz que a conduta da agência “destoa de outros Estados, quando fez vistas grossas para os cabos existentes no Rio de Janeiro e do litoral paulista. Será que a Anatel não conhece o que revelam as cartas náuticas desses lugares?”. A empresa foi procurada para esclarecer a que se refere. Este texto será atualizado em caso de resposta.

Por fim, acusa a existência de “uma ação coordenada por um grupo econômico, com auxílio do órgão regulador utilizado a reboque, para tentar retirar do povo cearense, em nome de interesses privados, o direito básico do acesso à água. A SPE Águas de Fortaleza mantém a posição de seguir o cronograma da obra”.

Desde que o caso veio à tona, os posicionamentos públicos setoriais e os relatórios da agência reguladora apontam que escolher um terreno em outra praia para Dessal seria a escolha mais segura.

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Rafael Bucco

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