Ações da Oi despencam em meio a rumores sobre viabilidade da companhia

Na semana, os papéis com direito a voto da tele tiveram desvalorização de 29,22% e terminaram cotados a R$ 1,09, enquanto os PN, de 24,55% (R$ 1,26).

As ações da Oi despencaram pelo segundo dia seguido nesta sexta-feira, 16, após rumores de que governo e Anatel temem pela sustentabilidade da operadora. O jornal O Estado de S.Paulo divulgou notícias segundo as quais a companhia teria capital para operar apenas até fevereiro de 2020, o que teria elevado as chances de uma intervenção na operadora por parte da Anatel.

O presidente da Anatel, Leonardo de Morais, contestou, no entanto, as afirmações de que a intervenção na concessionária seria “iminente” e defendeu que é possível haver uma “solução de mercado”. O presidente Jair Bolsonaro, por sua vez, disse não ter conhecimento suficiente para opinar sobre o caso, mas afirmou: “Vamos honrar contratos. Temos que honrar contratos senão o governo perde a credibilidade”, após ser perguntado se haveria intervenção na tele.

Ontem, as ações PN da operadora caíram 17,93% após especulações de que a empresa precisaria de novo aumento de capital. Hoje, sofreram novo tombo, de 13,7%. As ações ON da companhia caíram 11%, e mais 8,4% hoje. Na semana, os papéis com direito a voto da tele tiveram desvalorização de 29,22% e terminaram cotados a R$ 1,09, enquanto os PN, de 24,55% (R$ 1,26).

Risco

Nesta semana, no mesmo dia em que a operadora divulgou seu resultado financeiro, a empresa de análise de risco Fitch divulgou relatório apontando para a possibilidade de o plano de investimentos da companhia não ser atingido. “A Fitch acredita que as metas do plano de crescimento são ambiciosas e podem ser difíceis de atingir”, disse o analista sênior Sul Ahmad.

Para ele, a tele precisaria acelerar a implantação de fibra e passar de 285 mil HPs (cassas passadas, na sigla em inglês) ao mês para terminar o ano dentro da meta de 4,6 milhões de HPs. A Oi, na conferência de resultados, disse que vai vai terminar 2019 com média mensal de 350 mil HPs. No primeiro semestre, adverte Ahmad, a média ficou em 160 mil HPs.

A Fitch também lembra que o plano estratégico apresentado recentemente pela Oi prevê investimentos da ordem de R$ 21 bilhões. Atualmente a tele tem em caixa cerca de R 4,3 bilhões. Estima receber outros R$ 7 bilhões com venda de ativos, além de R$ 3 bilhões em créditos fiscais.

O Banco BTG Pactual, em relatório assinado por Carlos Sequeira e Bernardo Teixeira, divulgado ontem, manteve a recomendação de compra das ações da companhia. Para os analistas, embora o cenário ainda seja de retração, o resultado veio em linha com o esperado. Eles esperam ainda que a Oi seja alvo de consolidação do mercado junto a alguma outra operadora local ou seja comprada por “players estrangeiros”. Enquanto isso, a perspectiva de venda de ativos não essenciais deverá manter o fluxo de caixa.

Em uma análise mais antiga, de 17 de julho, o Bradesco BBI alterou a indicação de compra para neutra por entender que o cenário regulatório é desfavorável à Oi, uma vez que o PLC 79 segue travado no Senado. O banco entende, ainda, que a venda da Unitel, operadora angolana, pode acontecer até o final do ano, mas também há possibilidade de atrasos.

Balanço de junho

Além do balanço do segundo trimestre do ano, a Oi publicou também nesta semana um relatório das empresas que fazem parte da recuperação judicial do grupo para junho apenas.

No mês, a geração de caixa operacional líquida foi negativa em R$ 177 milhões. Os investimentos somaram R$ 544 milhões. Os recebimento caíram em R$ 705 milhões, para o total de R$  2,1 bilhões, mas os pagamentos também caíram, na ordem de R$ 817 milhões, somando R$ 1,7 bilhão. Com isso, o caixa final financeiro da companhia encolheu R$ 161 milhões. Segundo a empresa, o resultado teve impacto de pagamentos de Fistel, ônus da concessão, PPR 2018 e acordo coletivo, além da elevação dos investimentos.

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Rafael Bucco

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