Abrint entregará à Anatel o número de CDNs que existem no país, para se contrapor ao fair share

Segundo Basílio Perez, a instalação de CDNs, fornecidos pelas big techs leva o tráfego de dados para a borda da rede fixa, evitando a degradação das redes de banda larga móvel.

Abrint

Barcelona – A Abrint – associação que representa os pequenos operadores de telecom – sairá do Mobile World Congress com um dever de casa a ser entregue à Anatel: vai apurar o número de CDNs (aparelhos de entrega de conteúdo de internet) que existem no país, para contrapor ao argumento das operadoras de grande porte de que é necessário adotar o fair share (ou a parcela justa) para custear a expansão das redes de telecom  e evitar a sua  deterioração. ¨A reivindicação pelo fair share para fortelecer o 5G é um falso problema, pois 85% do tráfego das redes de celular é escoado pelo WiFi, equipamento da rede fixa¨, argumenta Basílio Perez, conselheiro da entidade.

As operadoras regionais de internet, que se posicionam contrárias à reivindicação das operadoras de telecom de grande porte pela cobrança às big techs pelo uso excessivo da infraestrutura de telecom, argumentam que, desde  2012, quando as empresas de internet, as big techs, começaram a levar os seus conteúdos  para a borda da internet, fornecendo as CDNs aos operadores de telecomunicações, deixou de haver problemas no congestionamento das redes de telefonia celular. Por isso, a entidade vai fazer um levantamento em todo o Brasil de quantas CDNs estão instaladas, para informar à Anatel o tanto de tráfego de dados que já está na borda da rede fixa de telecomunicações, e não na rede de celular, buscando confirmar alegados riscos de queda de qualidade do serviço caso seja criada uma nova taxa no setor.

Segundo Perez, o temor das pequenas empresas reunidas na Abrint é que se for cobrada das big techs uma taxa para o uso das redes de telecomunicações a qualidade do serviço cairá para as demais operadoras, pois elas temem o efeito que aconteceu na Coreia do Sul. Naquele país, conta Perez, foi implementada uma taxa às big techs pelo uso das redes de telecom, o que provocou a saída das big techs do território sul-coreano, forçando, com isso, que os operadores fossem ¨buscar¨ o conteúdo em outros países, tornando mais cara essa conexão. ¨No Brasil, esse risco pode ser ainda maior, tendo em vista que não será factível para as empresas de internet fazer acordos com mais de 20 operadores de banda larga de todo o país¨, afirmou o executivo.

Mauricélio Júnior, presidente da Abrint, assinala  que as operadoras já são remuneradas pelas big techs e, observa, se não houver oferta de conteúdo na internet, não precisará haver o serviço de banda larga. ¨O problema maior seria ficar sem o conteúdo¨, afirmou. Conforme Perez, pesquisa do Google de 21017 indicava que 60% dos dados circulavam dentro das redes dos ISPs (Internet Service Providers), ou seja nas redes dos operadores regionais, e não nas redes de telefonia celular.

 

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Miriam Aquino

Jornalista há mais de 30 anos, é diretora da Momento Editorial e responsável pela sucursal de Brasília. Especializou-se nas áreas de telecomunicações e de Tecnologia da Informação, e tem ampla experiência no acompanhamento de políticas públicas e dos assuntos regulatórios.
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