Abreu prevê conversão de até 50% da dívida financeira em equity na Oi

Valor pode chegar a R$ 15 bilhões que seriam convertidos em ações, podendo acontecer emissão de mais papéis para manter proporção de 20% nas mãos dos atuais acionistas. Abreu defende ainda que eventual negociação direta com Claro, TIM e Vivo sobre revisão do preço da Oi Móvel é solução mais ágil que arbitragem.

Rodrigo Abreu, CEO da Oi - Crédito: Divulgação

O presidente da Oi, Rodrigo Abreu, falou em conferência com analistas e acionistas nesta quinta-feira, 15, que tem a expectativa de converter quase metade da dívida financeira da operadora, atualmente em R$ 33 bilhões, em equity (participação) dos credores no grupo.

“Quanto será a conversão total depende de quantos vão aderir à opção 1 e quantos à opção 2 apresentadas no plano de recuperação judicial, mas na média a gente imagina que o total de conversão de crédito pode chegar a cerca de 50% do total de créditos financeiros. Na prática, entre R$ 14 e R$ 15 bilhões”, falou.

A razão de troca não está ainda definida, pois depende do saldo de adesões para cada opção proposta. Em qualquer caso, os credores, como já anunciado, vão abrir vão de receber cerca de 70% do valor de face em dinheiro. Receberão cerca de 30% em pagamentos ao longo de 10 anos, e uma quantidade em ações que dependerá também do interesse em aportar dinheiro novo na companhia.

Abreu ressaltou que a razão de troca de ações por equity na Oi também vai respeitar a proporção 80/20, pela qual os atuais acionistas da empresa continuarão como detentores de 20% do capital social.

Concessão de Telefonia

Abreu comentou também o andamento do processo de arbitragem de sustentabilidade da concessão de telefonia fixa. No final de maio, a empresa apresentou suas alegações finais ao tribunal arbitral. Neste momento, a AGU, que representa a Anatel, está elaborando sua resposta.

O presidente da Oi acredita que as decisões mais importantes dessa arbitragem devem sair já neste semestre e que será um resultado benéfico à empresa, compensando os custos de migração da concessão para o regime privado.

A Anatel também está revendo estes números. Em 2022, decidiu que a Oi deveria pagar R$ 12,6 bilhões para levar sua concessão ao regime de autorizada. O preço foi levado ao TCU, que considerou baixo. Os ajustes estão em finalização. Abreu acredita que mesmo os novos valores serão compensados pelo resultado da arbitragem.

Arbitragem da venda da Oi Móvel

No último dia 13 de junho, as operadoras Claro, TIM e Vivo perderam recurso movido na Justiça pelo qual pediam a liberação de R$ 1,5 bilhão retido em conta judicial, o que foi negado. O dinheiro permanece paralisado sob supervisão da 7ª Vara Empresarial do TJ-RJ, onde corre o processo de recuperação da Oi.

O montante é alvo de disputa relativa ao preço final pago pela Oi Móvel. As operadoras alegam que devem pagar menos do que os R$ 16,5 bilhões propostos no leilão judicial feito pela Oi em 2021 por terem recebido uma carteira de clientes menor do que a esperada, o que a vendedora contesta.

“A arbitragem continua seguindo, estamos em fase de formação de painel arbitral. Não afastamos, porém, a possibilidade de um acordo direto com as empresas, fora da arbitragem, pois pode trazer uma liquidez mais imediata”, observou. Isso porque, disse, a arbitragem leva entre 18 e 24 meses para ser concluída, e uma negociação à parte pode acabar antes de forma “satisfatória” para todos os lados, defendeu.

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Rafael Bucco

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