Abreu: “Maior rede neutra concorrente terá um décimo do tamanho da Infraco”

Em entrevista, o presidente da Oi ressaltou a magnitude do projeto de rede neutra da empresa em comparação com outras iniciativas existentes no país, garantiu que a Infraco não terá um bit trafegado de STFC e diz que todas as propostas pela Oi Móvel seguem válidas.

Rodrigo Abreu, CEO da Oi, afirmou nesta sexta-feira, 14,que espera receber propostas  vinculantes pela Infraco, a unidade de infraestrutura óptica da companhia, em outubro. Até o momento, mais de 10 propostas não vinculantes foram apresentadas à empresa.

Essas propostas, disse, serviram para a companhia estabelecer algumas condições, como o preço mínimo de firma de R$ 20 bilhões para a Infraco. E deixar claro que o comprador vai desembolsar pelo menos R$ 9 bilhões para ficar com um percentual de 25,5% a 51% do ativo, garantindo o controle.

O executivo explicou ainda que Claro, TIM e Vivo estão desde já fora da competição pela Infraco. Segundo ele, por interesse da própria Oi, que será usuária da rede. “Nesta segunda fase do processo de prospecção de interessados vamos abrir um nível de detalhamento muito grande. E como queremos que a Infraco seja uma empresa de rede neutra, não faz sentido que o comprador seja um participante desse mercado”, frisou.

Ele participou de entrevista com os veículos especializados Tele.Síntese, Teletime e Convergência Digital.

Sem comparação

Segundo o executivo, pode parecer que há no mercado uma “inundação” de projetos de rede neutra. Mas ele garante que a Oi não será vítima de bolha no segmento, tanto pelas características da rede, que é nacional e a maior do Brasil, como pela capilaridade, com previsão de conectar 32 milhões de domicílios

“Nosso projeto vai nascer já com mais de 10 milhões de casas passadas (homes passes, ou HPs), e com 2,5 a 3 milhões de casas conectadas, além do backbone e backhaul gigantesco. E tem previsão de chegar a 32 milhões de HPs. Os projetos rivais não são de rede neutra, são para expansões com auxílio de terceiros. O segundo maior projeto, de um concorrente, tem um décimo do tamanho do nosso projeto em relação a casas passadas”, disse.

[quote cite=’Rodrigo Abreu, CEO da Oi’]Os projetos rivais não são de rede neutra, são para expansões com auxílio de terceiros. O segundo maior projeto, de um concorrente, tem um décimo do tamanho do nosso projeto em relação a casas passadas[/quote]

No caso, ele faz referência à proposta da Vivo, que busca um sócio para financiar a implantação de fibra em 3,9 milhões de casas até 2024, mesmo ano em que, acredita, a Infraco terá 32 milhões de HPs. Antes, em 2022, serão 16 milhões de HPs.

Além disso, o projeto de rede neutra da Oi difere do projeto das rivais por incluir a transmissão no atacado. O backbone óptico e backhaul da Oi será contratado por quem precisar de uma rede de transporte nacional. “Vai atender móvel, empresarial, corporativo, ISP, a expansão da 5G. Até o consórcio se manifestou, dizendo que espera usar a infraestrutura”.

Sem risco regulatório

Abreu enfatiza que o comprador da Infraco não enfrentará riscos regulatórios. A empresa tomou o cuidado de garantir que nenhum equipamento seja usado para transporte de dados do serviço de telefonia fixa.

“Passamos por todos os gabinetes da Anatel para mostrar que não inclui nenhum bem reversível. Todos ficam na Clientco. Não existe nenhum bem que poderia ter sequer discussões se poderiam ser, em alguma hipótese, considerados reversíveis”, assegura.

Caberá à Oi S.A. administrar o backbone usado para serviço de atacado que atende o EILD (de chamadas de longa distância). Ele diz, inclusive, que o comprador da unidade móvel poderá propor acordo de uso de capacidade com a Oi S.A., do EILD. Mas acha pouco provável.

Abreu também afirmou que, se a proposta de migração de outorga da concessão por parte da Anatel for inviável, então a empresa vai devolver a concessão. [quote cite=’Rodrigo Abreu, CEO da Oi’]Se a migração vier em bases insustentável como é o caso hoje, não faremos [a adaptação] e vamos para discussão de encerramento da concessão[/quote]

Oi Móvel

Por fim, o executivo destacou que todas as propostas vinculantes recebidas até o momento pela Oi Móvel seguem válidas. No momento, há negociação com o consórcio formado por Claro, TIM e Vivo, mas não significa que a proposta da Highline tenha sido descartada.

Segundo ele, uma oferta que venha de uma empresa que não é operadora do SMP pode, sim, levar o ativo, uma vez que a UPI Oi Móvel carrega consigo espectro, licença do SMP, clientes e as condições para que os clientes sejam atendidos.

O comprador pode, se quiser, propor uma transição em que contrataria a Oi S.A. para fazer a gestão dos clientes, por exemplo, cuidar da equipe de campo e até a gestão temporária do negócio ou uso da marca.

“Se a operação for vendida como um todo, não tem contestação regulatória se é viável ou não. Se tem base, espectro, clientes, o SMP está completamente atendido. Do outro lado, existe a possibilidade de ter contratos de transição, que permite fazer gestão de ativos”, disse.

Assembleia de credores

Abreu diz que acredita na aprovação do aditamento ao PRJ na assembleia de credores marcada para 8 de setembro. Ele conta que as mudanças inseridas nesta madrugada no aditamento original são resultado já das negociações que estão em andamento com os credores.

[quote cite=’Rodrigo Abreu, CEO da Oi’]A ideia é garantir que o maior número de credores apoiem a propostas. Fizemos várias inclusões, pequenas modificações, justamente ouvindo credores[/quote]

Ele comparou a situação a “um cobertor curto em todas as pontas”, e lembrou que não dá para ajustar os termos conforme o interesse de todos os credores. O objetivo final da diretoria é garantir uma Oi S.A. viável ao final da recuperação judicial.

“De nada adianta eu resolver com um grupo de credores e a companhia não ser viável. A gente tem que chegar no meio do caminho. Esse time que está aqui não vai propor um plano em que não acredita”, finalizou.

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Rafael Bucco

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