A minoritários, Oi justifica nova recuperação judicial, diluição acionária e venda da V.tal
A Oi aproveitou a conferência sobre os resultados financeiros de 2022, realizada na manhã desta terça-feira, 23, para responder às dúvidas de seus acionistas minoritários a respeito da atual situação da empresa. Na noite de segunda-feira, a tele, após adiamentos, divulgou o balanço do ano passado, período em que registrou prejuízo líquido de R$ 19,26 bilhões.
Na conferência, a primeira desde que a companhia ingressou em um segundo processo de recuperação judicial (RJ), a diretoria da Oi procurou esclarecer, sobretudo, os motivos da nova recuperação, da diluição da atual base de acionistas e da eventual venda da participação na V.tal.
Rodrigo Abreu, diretor presidente da empresa, destacou que a companhia cumpriu todas as etapas previstas na primeira recuperação judicial, encerrada em dezembro do ano passado. No entanto, salientou que não foi a empresa que encaminhou o processo de finalização da medida legal, mas o juiz responsável pelo caso. Desse modo, a Justiça, ainda no meio do ano passado, deu início ao processo de encerramento da RJ.
Contudo, após o término da RJ, a Oi ainda tinha desafios a enfrentar, como a reestruturação da dívida total, que ainda era alta, e do serviço deficitário de telefonia fixa, além de desenvolver e fazer com que a Nova Oi deslanchasse no mercado, obtendo receitas suficientes para cobrir as operações.
Nesse sentido, Abreu enfatizou que, embora a empresa tenha cumprido à risca a RJ, fatores externos, além dos citados desafios, impactaram os negócios, como a deterioração do ambiente macroeconômico, o aumento da inadimplência e a volatilidade das taxas de juros e de câmbio.
“O impacto do câmbio sobre a nossa dívida foi da ordem de R$ 10 bilhões. Ou seja, sem contrair um centavo a mais, a dívida aumentou nesse montante em função de mudanças no câmbio”, afirmou o executivo.
Dificuldades de refinanciamento de parte da dívida, o adiamento de algumas receitas e obstruções ao uso do caixa também comprometeram as finanças da empresa.
“A nova recuperação judicial era uma opção, mas não a preferida. Mas concluímos, no início deste ano, que a recuperação seria a solução mais adequada, com foco na reestruturação das dívidas financeiras”, justificou Abreu.
Diluição
Segundo a Oi, um dos pontos do Plano de Recuperação Judicial (PRJ) mais questionado pelos investidores diz respeito à diluição da base de acionistas. Em linhas gerais, o plano prevê que os credores passem a ter até 80% do capital social da companhia, enquanto os atuais sócios, após um aumento de capital, ficariam com 20% das ações.
Na avaliação da diretoria, a proposta de diluição é contundente porque o volume da dívida da empresa é significativamente superior ao valor de mercado da Oi na atualidade.
“A companhia negociou junto aos credores uma manutenção de 20%, preservando um pedaço para a base acionária”, disse Abreu. “Ainda que reduza [a participação dos atuais sócios], os acionistas terão uma empresa mais sustentável no futuro”, acrescentou.
Venda da V.tal
Na conferência, a diretoria da Oi afirmou que uma futura venda completa da V.tal sempre esteve nos planos da tele. No plano de recuperação, a companhia estima que o negócio de rede neutra alcance R$ 100 bilhões em valor de mercado em 2026. Vale lembrar que, em 2021, 66% das ações da subsidiária foram compradas por fundos do banco BTG Pactual.
De acordo com Abreu, a intenção da tele era que a unidade de rede neutra se valorizasse com o passar dos anos, de modo que uma eventual venda de participação ajudasse a reduzir o valor total da dívida da Oi.
“Essa alienação futura sempre esteve nos nossos planos. Isso vai ajudar a trazer a dívida para os níveis de uma empresa normal”, declarou o diretor presidente da Oi.