A 5G precisa ser monetizada para dar certo, alerta Tatewaki, da NEC
Mayuko Tatewaki, gerente geral da divisão de Soluções para Provedores de Serviço da NEC, avalia que os casos de uso é que darão o impulso para a 5G, pois as operadoras de telecomunicações precisam de alternativas para a monetização dessa nova tecnologia.
Tele.Síntese – Há diferenças na visão sobre a 5G entre o mercado latino-americano e o mercado dos países desenvolvidos?
Mayuko Tatewaki – Aprendi, durante os painéis que participei no Futurecom, que o Brasil tem diferentes regulações a de demais países do mundo, como por exemplo, a dificuldade enfrentada aqui para a instalação de antenas. Mas o principal tema aqui, como também no restante do mundo, é como e quando monetizar essa nova tecnologia que está para chegar. Isso é global. Na América Latina, há oportunidades em importantes setores onde as telcos podem oferecer serviços de valor, e a 5G pode ser uma facilitadora para a oferta desses serviços.
Tele.Síntese – E quais seriam os setores de destaque?
Mayuko Tatewaki – Segurança e o setor financeiro, porque os investimentos no setor financeiro ainda são muito grandes aqui. Também acredito que há muita demanda para vigilância nas cidades, pois há muito preocupação no Brasil sobre esse tema. Mas, para mim, são os casos de uso que irão conectar a 5G e não a tecnologia por si só.
Tele.Síntese – A NEC já é uma importante fornecedora das telcos no Brasil. Qual é o papel que pretendem assumir daqui para a frente?
Mayuko Tatewaki – Somo diferentes frente aos demais fornecedores que têm um legado com as operadoras de telecomunicações, porque nós atuamos nas duas pontas – de telecomunicações e de tecnologia da informação. Temos aplicação fim-a-fim, até o core. Nossas aplicações vão a todos os caminho, chegando até a inteligência artificial. Sabemos que a TI tem mais dificuldades de se harmonizar com telecom, mas por causa de nossa experiência, podemos oferecer mais.
Tele.Síntese – As telcos brasileiras conseguem enxergar essas diferenças?
Mayuko Tatewaki – Acredito que sim. Durante as Olimpíadas, por exemplo, nós entregamos o sistema de identificação visual em 14 de seus aeroportos. Mas não divulgamos muito o que fazemos pois tratamos de segurança e prevenção. Para a operadoras de telecomunicações, nós estamos oferecendo soluções over the top, para que eles monetizem os resultados.
Tele.Síntese – Vocês têm parcerias com outras empresas do setor ou só com as telcos?
Mayuko Tatewaki – Sim, temos parcerias com diferentes indústrias de TI, pois não se consegue fazer mais nada sozinho. Nosso pensamento, agora, é “o que podemos fazer em conjunto” e não mais “o que posso fazer por você?” Por isso, conversamos com trens, aeroportos, governos, OTTs players.
Tele.Síntese – As operadoras brasileiras dizem que ainda será um longo caminho para a 5G, visto que a rede ainda tem milhares de acessos em 2G…
Mayuko Tatewaki – Em relação à legacy, de fato, há um ponto aí. A 5G só se tornará uma tecnologia para as massas quando os terminais estiverem disponíveis, e com preços baixos, para que os os mais novo consigam comprar os aparelhos. Não é fácil prever quando essa tecnologia estará massificada, depende de todo o ecossistema.
Tele.Síntese – No Japão, quando a 5G chega?
Mayuko Tatewaki – No próximo ano, devido às Olimpíadas. Quando temos um grande evento como esse, tudo se organiza para lá. No Oriente Médio, a 5G já está presente. Mas ainda faltam questões a serem resolvidas com as frequências. 2019 será um ano crítico. 2020 deverá ser o ano em que os lançamentos acontecerão prioritariamente.
Tele.Síntese – Quando a 5G poderá ser usada para políticas públicas, como saúde e educação?
Mayuko Tatewaki– É um ponto delicado. Quando falamos de 5G, as pessoas priorizam educação e saúde. Mas esses segmentos passarão a ser atendidos mais tarde. As novas alternativas tecnológicas virão com os games, com o setor financeiro, pois é onde tem mais dinheiro.
Os facilitadores de serviços públicos depende de diferentes compromissos, que devem ser assumidos também pelo Poder Público, governos. Em países como o Brasil, onde a economia não está se movendo tão rapidamente, é mais difícil ver essas áreas sendo atendidas, mas ainda assim vejo grandes oportunidades. Temos alguns casos no Japão, com educação a distância, onde escolas rurais acompanham as aulas ministradas nas cidades. Com diferentes contribuições, iremos andar mais rápido.