76% das empreendedoras negras têm queda de faturamento
A pandemia afetou o faturamento de quase 90% de todos os pequenos negócios no país, mas um segmento em especial foi o mais atingido ao longo de toda a crise, independente da área de atividade: as empreendedoras negras.
Segundo a 13ª Pesquisa de Impacto da Pandemia do Coronavírus nos Pequenos Negócios, realizada pelo Sebrae em parceria com a Fundação Getúlio Vargas (FGV), 76% dessas empreendedoras apontam perdas de faturamento, enquanto a média entre todos os empreendedores é de 68%. Elas também são as que têm maior perda média: -40%, dez pontos percentuais acima da média geral, que é de -30%.
Para o presidente do Sebrae, Carlos Melles, o baixo nível de escolaridade e a ausência de oportunidades de capacitação para esse segmento de empreendedoras, aliado à necessidade de conciliar cuidados da casa e da família prejudicam diretamente o resultado dos negócios criados por mulheres negras.
“Não podemos ignorar que aspectos culturais interferem no desempenho das empreendedoras e no tipo de empreendimento que elas possuem, que muitas vezes são de natureza mais simples e em atividades que demandam um maior contato com o público, algo que foi inviabilizado ao longo de praticamente toda a pandemia”, comenta.
A falta de tempo para se dedicar integralmente ao negócio pode explicar também o fato de que é nesse grupo de empreendedoras que se encontra o maior volume de empresas fechadas temporariamente: 14% das negras que são donas de pequenos negócios se encontram nessa situação, contra 9% da média geral. Além disso, 36% delas estão com dívidas em atraso (contra 29% da média) e para ¼ delas o pagamento dessas dívidas representa mais da metade dos custos mensais da sua empresa.
“E se essas empreendedoras não fossem as que mais se digitalizaram e utilizam a internet para comercializar produtos e serviços, os resultados poderiam ser ainda piores”, ressalta Melles.
Entre esse grupo, 80% marcam presença no mundo digital, enquanto a média geral é de 74%. Como nos outros grupos, a principal ferramenta online de vendas é o WhatsApp, seguido pelo Instagram, Facebook e loja virtual própria. Além disso, 90% delas aceitam Pix, contra uma média geral de 86%.
(com Agência Sebrae)