5G vai levar produtos restritos a grandes empresas para PMEs, prevê Locaweb

A 5G deverá facilitar a transformação digital do comércio físico e acelerar a adoção de ferramentas que fazem das lojas de concreto e tijolos ambientes capazes de interpretar o comportamento dos clientes, como acontece no e-commerce.

O 5G DSS está nas ruas de capitais brasileiras, mas é o 5G Standalone, previsto para chegar a partir da ativação do espectro de 3,5 GHz em meados de 2022, que está deixando empresas de tecnologia na expectativa. Uma dessas empresas é a Locaweb. Sua divisão Be Online, voltada à digitalização de pequenos negócios, prevê queda nos custos com conectividade e de soluções que, até o momento, são utilizadas por grandes empresas.

A divisão da Locaweb tem hoje 402 mil clientes, e responde por 54% do faturamento da companhia. E a previsão é que essa importância cresça na medida em que o 5G facilitará a conexão de altas velocidades e baixa latência de qualquer estabelecimento comercial.

Segundo Gustavo Salviano, CTO da área de Be Online e de SaaS da Locaweb, o 5G é encarado dentro do grupo como um enabler, ou seja, uma tecnologia que habilitará o desenvolvimento de outras. “As PMEs têm carência de conexão boa, rápida, estável e presente. A conexão ainda é um problema para essas empresas porque passar cabeamento, fazer a rede WiFi com segurança e estabilizar essa rede não barato. No começo o 5G não vai ser barato, mas depois esperamos que entregue um voo de cruzeiro, viabilizando conexões boas, rápidas e estáveis”, acredita.

Higor Franco, diretor de Be Online e SaaS, ressalta que a visão na empresa é que a nuvem é o principal componente para PMEs ganharem eficiência. O 5G vem, portanto, acelerar a adoção da nuvem para produtos como rastreamento dos clientes dentro da loja, produção de mapas de calor, prováveis pontos de interesse etc. Soluções estas que hoje em dia são caras porque dependem de sensores que vão além do celular e do tratamento de dados na nuvem.

“Alguns produtos vão se beneficiar loucamente. Ter baixa latência para pagamentos é essencial para sistemas antifraude, para liquidação, para a comunicação com entes financeiros. Outro aspecto é da própria nuvem. Se a gente consegue garantir latência menor para o cliente, passo a ter entrega de serviços muito melhores do que o competidor que está nos EUA. Isso vai permitir que clientes hoje pouco digitais e com plantas fabris comecem a consumir IoT por aqui”, observa.

Salviano destaca que a baixa latência levará ao desenvolvimento do conceito da Internet of Behavior (IoB). Ou seja, através da coleta de dados, as soluções vão entregar resultados para os lojistas venderam ali na hora. Um exemplo dado pelo executivo é o envio de uma mensagem do celular com um desconto em um produto que foi analisado pelo cliente. Na prática, observa, é como se os ambientes físicos se tornassem mais parecidos com os ambientes digitais, em termos de informações que são capazes de levantar sobre o comportamento e interesse do cliente.

A previsão na Locaweb é que a 5G vai demandar mais e mais da infraestrutura de dados, tanto da companhia, como das PMEs. “A gente deve triplicar o consumo de banda de internet de que dispomos para PMEs e clientes corporativos. Não apenas por causa da 5G, mas por conta da digitalização da sociedade como um todo, que só vai aumentar com a nova tecnologia”, diz Franco, em conversa com o Tele.Síntese.

Segundo ele, a Locaweb está conversando com diferentes operadoras móveis para estabelecer parcerias. Neste momento, o interesse é fechar acordos de uso da nuvem pública das teles.

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Rafael Bucco

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