5G vai adicionar US$ 1,11 trilhão ao PIB brasileiro até 2035
A consultoria Omdia revelou hoje, 30, parte de um relatório sobre a América Latina que estima o impacto econômico que a quinta geração de redes móveis (5G) terá sobre o PIB local. Especificamente o Brasil será um dos principais, se não o maior, beneficiado com a introdução das novas redes.
O relatório foi apresentado em live da Futurecom pelo gerente sênior da Omdia nas Américas, Ari Lopes. Os estudos do especialista apontam que a 5G vai gerar um crescimento de 1 ponto percentual ao PIB brasileiro, por ano, em média. Caso a implementação das novas redes comece já no ano que vem, haverá um ganho econômico nacional da ordem de US$ 1,11 trilhão até 2035.
Segundo Lopes, a maior parte desse dinheiro vai circular não nas conexões celulares do consumidor final. Será, em verdade, originada do atendimento a verticais de mercado. “Há consenso no setor de que apenas substituir o aparelho do consumidor e entregar maior velocidade não vai pagar pela infraestrutura. É preciso entrar nos casos de uso B2B”, resumiu.
Ele destacou, no entanto, que para os países da América Latina crescerem da forma como está previsto no relatório, seus governos terão de ir além do modelo de desenvolvimento baseado em produção agrícola, e apostar na criação de postos de trabalho de maior valor adicionado.
Por segmento
Segundo os dados da Omdia, o setor de tecnologias da informação e comunicação vão colher US$ 241 bilhões em receita adicional nos próximos 15 anos no Brasil. Significa dizer que a 5G vai ampliar em 10,7% a geração de receita no período para as companhias do setor.
Já o setor governamental terá ganhos econômicos da ordem de US$ 189 bilhões (+3,9%) por adotar a 5G. Também a manufatura (US$ 181 bilhões, +5,4%), o setor de serviços (US$ 152 bilhões, +3%), o agronegócio (US$ 76 bilhões, +5,3%) e o varejo (US$ 88 bilhões, +2,2%) serão beneficiados. Muitos outros setores vão colher frutos – somados, devem gerar um acréscimo ao PIB do país de outros US$ 289 bilhões.
Conforme Lopes, embora o Brasil e a América Latina estejam atrás de outros países na implantação das redes 5G, elas serão realidade aqui antes do que se imagina por haver uma forte necessidade estrutural por ganho de produtividade.
Novo regulador, novas teles
É preciso, no entanto, que as autoridades habilitem a chegada da tecnologia. Para tanto, ele defendeu que os reguladores de telecomunicações tenham um novo perfil. Deixem para trás o histórico de fiscalizador e sancionador, e passem a agir como habilitadores. Além disso, defendeu agilidade na flexibilização das regras para instalação de antenas, disponibilização de mais espectro rapidamente, e a baixo custo.
“O investimento em 5G é alto, há diversos interessados no próximo leilão, mas para isso acontecer, o investidor precisa ter clareza sobre o cenário legal e regulatório”, ressaltou.
O executivo também destacou que as operadoras que quiserem lucrar com a 5G precisam estar preparadas. Não podem segurar investimentos em 4G – as redes atuais têm de ser ótimas e onipresentes -, precisam ter núcleo de rede robusto, redes de transporte rápidas, e nós de edge computing já criados. Depois de tudo isso, é possível então pensar no lançamento de serviços na quinta geração.