5G ‘não é a bala de prata’, dizem especialistas do setor de petróleo e gás

Congresso IoT e as Redes Privadas debateu impactos da nova tecnologia móvel. Para representantes do setor, outras formas de conectividade vão se manter relevantes. 

Enquanto o setor de telecomunicações tem olhos voltados para o 5G, a indústria de petróleo e gás pontua limitações da nova rede móvel nas soluções de inteligência da área. O tema foi debatido no congresso IoT e as Redes Privadas, realizado pelo Tele.Síntese, nesta quinta-feira, 25. 

No entanto, ao ser questionado sobre as expectativas para o 5G, o gerente de Tecnologia da Informação e Telecomunicações da Petrobras para Logística, Diogo Lino Passos Machado, ressaltou os aspectos restritivos da nova conectividade. 

“Ela não é a bala de prata. A gente vai continuar dependendo de outras soluções de conectividade sensíveis, como LoRaWAN, Zigbee, WiFi, que são soluções que demandam outro tipo de conectividade, são mais tolerantes à latência, consomem muito pouca banda”, disse Machado.

Por ora, o especialista da estatal afirma que há investimentos em redes privadas. “Agora, em uma refinaria, por exemplo, só podemos ter o LTE e é o caminho que estamos seguindo, como a rede principal das redes de automação sem fio”, afirmou. 

Nesta semana, a Petrobras divulgou nota anunciando que a rede privativa LTE 4G atualmente em implantação da empresa deve incorporar o 5G em breve, na medida em que houver cobertura. A expectativa é de habilitar a tecnologia em 29 plataformas de produção próprias, nas bacias de Campos e Santos – e em 17 unidades em terra (entre refinarias, unidades de tratamento de gás, portos, entre outras), até 2024. 

Ainda durante o debate nesta quinta, o gerente Corporativo de Automação na Braskem, Daniel Morales, também compartilhou da visão de Machado. 

“Dentro da Braskem, a gente também enxerga o 5G como uma tendência muito clara de uso, mas ela se encaixa dentro de um toolbox de soluções de conectividade. Realmente, não é a bala de prata, a gente precisa entender como ela se enquadra nas necessidades de conectividade. Não vamos jogar fora o que já temos”, afirmou. 

Cobertura no setor de petróleo e gás

Augusto Borella, diretor de Produto da Viasat/INTELIE, destacou as limitações de cobertura do 5G. “A gente tem que ter claro que o 5G gera valor, ele entra na cadeia de comunicação, mas em função da cobertura, a gente vai continuar precisando ter uma estratégia de como lidar com banda satelital em áreas remotas”, afirmou. 

“Nos lugares remotos temos uma conversa regular sobre latência de baixa e alta órbita. É importante todo mundo ter claro que a latência da baixa órbita  não vai permitir operações de risco” complementou Borella.

Já Cleber Hamada, diretor de Projetos, Planejamento Estratégico e Inovação da Copa Energia, exemplificou casos de necessidade de conectividade no campo e vê potencial no 5G futuramente. 

“Especialmente no setor a granel, temos clientes em áreas remotas. Por exemplo, fazenda que faz queima de ervas daninhas. Isso é um fator complicador quando não temos tecnologia e comunicação muito boa, e aí a gente não consegue fazer a adoção correta do equipamento hardware para conversar com nosso software centralizado na matriz. Acho que com a evolução do 5G isso vai facilitar bastante a oportunidade para outros clientes usufruírem desses produtos”.

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Carolina Cruz

Repórter com trajetória em redações da Rede Globo e Grupo Cofina. Atualmente na cobertura de telecom nos Três Poderes, em Brasília, e da inovação, onde ela estiver.

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