5G Broadcast é descartado, por ora, como padrão para a TV 3.0
O Fórum do Sistema Brasileiro de TV Digital (SBTVD) anunciou a conclusão de mais uma fase da padronização da futura TV 3.0, na qual descartou a adoção do padrão 5G Broadcast, defendido por Qualcomm, Rohde&Schawrz e Kathrein – ao menos por ora (veja a explicação do governo abaixo). O padrão chinês DTMB-A foi retirado pelo proponente, a entidade de engenharia DTNel, da China.
A definição se deu na fase 3 do projeto, que envolveu a realização de testes em laboratório de camada física também das tecnologias ATSC 3.0 (EUA) e o ISBD-T Avançado (Japão). Agora, estes dois últimos serão testados em campo, para a escolha de um. A atual TV Digital brasileira já utiliza versão anterior do padrão japonês, com adaptações locais, vale lembrar.
[ATUALIZADO] Após a publicação deste texto, o governo enviou posicionamento sobre a questão. Segundo Wilson Wellisch, Secretário de Comunicação Social Eletrônica do MCOM, o 5G Broadcast apresentou desempenho inferior aos demais padrões, mas ainda pode voltar ao páreo. “Existe a possibilidade de atualização do 5G Broadcast, o que não aconteceu a tempo do fim da fase 3 por que depende de atualizações do 3GPP ainda em definição. Por conta do cronograma estabelecido, o Fórum decidiu passar os dois padrões para os testes de campo. Mas caso o 5G Broadcast seja atualizado, pode sim ir aos testes de campo. Além disso, é uma tecnologia que pode ser complementar à recepção fixa no móvel, por isso não está descartada”, afirma.
O Fórum SBTVD também se posicionou. Afirma que o fato de o 5G Broadcast não ter avançado não significa que não possa ainda ser considerado. “O Fórum SBTVD ainda não concluiu os estudos e não fez nenhuma recomendação ao governo. Até a finalização dos estudos, podem haver mudanças na evolução das tecnologias sendo consideradas. E mesmo após a recomendação do Fórum, a decisão compete ao Governo Federal”, afirma a assessoria de imprensa do organismo.
Os testes recém concluídos foram feitos entre abril e setembro. A Universidade Mackenzie testou em laboratório as tecnologias candidatas à camada física para que o Fórum SBTVD selecionasse duas para testes de campo. Os trabalhos foram financiados pelo Ministério das Comunicações através da RNP.
Os resultados foram considerados, em conjunto com todas as outras informações coletadas pelo Fórum SBTVD sobre as tecnologias candidatas desde a Fase 1 do projeto em 2020, pelos Módulos Técnico e de Mercado em 18 de setembro de 2023 e, posteriormente, pelo Conselho Deliberativo do Fórum SBTVD em 25 de setembro de 2023.
“Todas essas instâncias concordaram unanimemente em selecionar o ATSC 3.0 e o ISDB-T Avançado para os testes de campo de camada física da Fase 3, pois demonstraram uma melhor adequação aos requisitos específicos do Projeto TV 3.0”, diz comunicado do Fórum SBTVD. O relatório detalhado dos resultados ainda não foi liberado. Isso acontecerá em outubro, informa o grupo.
Ao todo, 90 pesquisadores de nove universidades (Cefet-RJ, UFJF, UFMA, UEMA, UFPB, UFF, PUC-Rio, UnB e Mackenzie) trabalham no desenvolvimento do padrão de TV 3.0 no Brasil.
Os futuros testes de campo de camada física da Fase 3 do Projeto TV 3.0 vão ocorrer na cidade do Rio de Janeiro, de dezembro de 2023 a maio de 2024.
Seguindo o cronograma oficial definido pelo Fórum, um destes padrões será escolhido até o final de julho de 2024 e ter as especificações adaptadas à realidade da radiodifusão brasileira até outubro. Com isso, em 2025, espera-se, haverá o lançamento da TV 3.0 no Brasil.
A TV 3.0 prevê melhora na resolução do vídeo e do áudio graças ao uso de novos codecs. Tem ainda tecnologia HDR, sistema aprimorado de legendas e capacidades de transmissão e recebimento de dados para promover interatividade entre a programação e o espectador.
Para assistir, será preciso que o espectador tenha um televisor compatível e que as emissoras transmitam no novo sinal.
A fabricação de televisores e adaptação das emissoras só acontecerá após a escolha do padrão e publicação, pelo governo, de política pública definindo a tecnologia escolhida, se haverá incentivos à produção de equipamentos. E à modernização das emissoras – assim como aconteceu a partir de 2014 com a migração da TV analógica para a TV digital.