Marcos Pontes avisa que só Bolsonaro pode decidir o futuro da Huawei no Brasil

Para o ministro de Ciência e Tecnologia, somente o presidente Bolsonaro pode posicionar o Brasil frente a disputa dos Estados Unidos contra a fabricante de tecnologia chinesa, Huawei.

Barcelona – “O Ministério da Ciência e Tecnologia não tem como fazer qualquer interferência geopolítica. A nossa posição é mais técnica. A decisão sobre a fabricante chinesa Huawei caberá ao presidente Bolsonaro”. Assim respondeu o ministro Marcos Pontes hoje, 26, no MWC19, a perguntas de jornalistas sobre como o seu ministério vai se posicionar frente a disputa que está sendo travada pelos blocos norte-americano e britânico contra a fabricante de equipamentos de telecomunicações chinesa, a Huawei, que tem uma forte presença no Brasil.

Ao lavar as mãos sobre o assunto, o ministro deixa a decisão para a esfera político-ideológica, sem perceber que hoje as maiores operadoras de telecomunicações brasileiras têm uma grande dependência  tecnológica da Huawei e seu banimento poderia não só encarecer o produto para as teles, como também adiar a implementação de novas tecnologias no Brasil, entre elas a 5G.

Até o dia de hoje, por sinal, havia um ensurdecedor silêncio dos mais de 2 mil fabricantes e 100 mil executivos e técnicos  na maior feira de telecomunicações do mundo sobre esta disputa geopolítica e comercial.  O presidente da Nokia, Rajeev Suri,  foi o único a tratar do assunto, ao dizer que nada atrasaria o avanço das novas tecnologias.  Mas a Nokia é a fabricante mais agressiva na tomada de posição em defesa do núcleo duro e do banimento do mercado ocidental de sua maior concorrente.

Mas hoje, durante a feira, essa aparente indiferença setorial foi quebrada pelo chairman da Huawei, que em um discurso preparado e enfático, disse que os Estados Unidos estariam agindo contra a empresa sem qualquer evidência. “Nossos equipamentos não têm backdoor”, afirmou o executivo. Backdoor são métodos secretos de vigilância  criados pela indústria de TI

Europa

A Europa mantém uma posição dividida sobre essa disputa. Enquanto alguns governos estão mais alinhados a possibilidade de banimento da fabricante chinesa, outros nem tanto. E as operadoras de celular menos ainda.

Recentemente a Deutsche Telecom publicou um estudo que afirmava que o banimento da Huawei iria provocar o adiamento da 5G na Alemanha em pelo menos três anos.

A GSMA, organização criada por fabricantes e operadores de celular para disseminar a tecnologia móvel, prefere não se posicionar diretamente sobre o tema.

Mas o diretor de Políticas Públicas para a AL da GSMA, Lucas Gallito, avalia que não seria bom para a região a redução no número de fornecedores.

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Miriam Aquino

Jornalista há mais de 30 anos, é diretora da Momento Editorial e responsável pela sucursal de Brasília. Especializou-se nas áreas de telecomunicações e de Tecnologia da Informação, e tem ampla experiência no acompanhamento de políticas públicas e dos assuntos regulatórios.
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