Além do serviço de conexão, como ISPs podem aumentar a receita

Em painel do INOVAtic sobre como provedores de internet podem gerar receitas para além da prestação de serviço de conectividade, especialistas apontam caminhos que vão da entrega de SVA à participação em projetos do Fust
Especialistas deram exemplos concretos de caminhos para ISPs aumentarem receita
Especialistas deram exemplos concretos que podem ajudar ISPs a aumentar receita

Em dez anos, o número de residências conectadas dobrou no Brasil. Passou de 20 milhões em 2013 para 40 milhões no ano passado, de acordo com dados da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). E, atualmente, cerca de metade desse mercado é atendido por provedores regionais (ISPs).

“Foi um crescimento exponencial significativo e que trouxe também um crescimento na receita para todos os players. Mas, quando chegamos no topo da pirâmide e há menos mercado para atingir, começamos a bater na barreira do aumento de receita”, avaliou Rodrigo Schuch, presidente da Associação Neo, que representa os provedores de pequeno porte.

“Como fazer para que as empresas continuem crescendo”? Foi com essa pergunta que o executivo abriu o painel do INOVAtic que discutiu as possibilidades de geração de receitas para os provedores para além da oferta de conectividade. Evento organizado pelo Tele.Síntese, o INOVAtic aconteceu nesta quinta-feira, 26 de setembro, em Guarulhos, na Grande São Paulo.

Felipe Barbosa, diretor financeiro do Grupo Diginet Brasil, ISP que atua no interior de São Paulo, deu exemplos de como a empresa tem buscado se diversificar.

“Hoje não é possível entregar mais só a conectividade. Com foco no aumento de receita, de 2022 para cá, passamos a analisar o público para saber o que ele queria consumir para criar algo que criasse diferenciação”, contou.

De acordo com o executivo, a Diginet passou a oferecer serviços de valor agregado (SVA) focados em bem-estar social e físico, além de educação, pontos detectados nas pesquisas com os clientes. Entre os serviços agregados oferecidos junto com a conexão, estão um clube de descontos, acesso a um aplicativo de atividades físicas e outro de livros.

O ISP também incorporou outra gama de serviços voltado para condomínios, em que faz a locação de equipamentos e periféricos, tanto de segurança quanto de rede wifi, para monitoramento de portarias inteligentes.

“Criamos também uma divisão que vende serviços específicos para projetos de WiFi. Essas foram maneiras de consolar a receita e se preparar para a evolução do mercado. Agora é a fase de amadurecimento como agregador de serviços, não só de conectividade, para o B2B e o B2C”, explicou Barbosa.

Escolas conectadas: fonte de negócios

Outra possibilidade de receita para os provedores regionais pode ser a participação em projetos com recursos do Fundo de Universalização dos Serviços de Telecomunicações (Fust) para conexão em escolas públicas.

Lançada há exatamente um ano, a Estratégia Nacional de Escolas Conectadas (Enec), tem um potencial de R$ 200 milhões do Fust não reembolsável (recursos do Orçamento Geral da União) para levar conectividade a 1,7 mil escolas nas regiões Norte e Nordeste. Atualmente, estão em execução R$ 66 milhões.

A informação foi passada por Liana Figueiredo, diretora de Políticas Públicas e Articulação Política da MegaEdu, sociedade civil sem fins lucrativos que atua pela conexão em escolas públicas, que participou do painel.

Já a execução do Fust reembolsável está acontecendo atualmente em apenas 226 escolas de Minas Gerais, Paraná, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Tocantins. O potencial dessa linha é de R$ 630 milhões em crédito a juros reduzidos para projetos de rede externa de acesso à banda larga, infra-estrutura de WiFi e oferta de velocidade adequada.

Quanto ao Fust que oferece benefícios fiscais às empresas que atuarem pela conectividade da rede escolar pública tem um potencial de R$ 1,1 bilhão na Enec. Das 21 mil escolas previstas para serem atendidas, foram apresentados projetos para cerca de 10 mil unidades, que estão em análise.

“Vejo como uma grande oportunidade os recursos disponíveis para fazer essas conexões. Me parece que falta apetite do mercado, das operadoras e provedores, para estarem alinhados a esse momento. Fico pensando se é um problema de comunicação. Poderia ser mais bem aproveitada essa oportunidade como negócio”, afirmou.

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Simone Costa

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