Área técnica da Anatel propõe divisão da faixa de 6 GHz ao conselho diretor

Proposta prevê 500 MHz de banda para o uso não licenciado e 700 MHz para a telefonia móvel; condições de uso de cada serviço, incluindo mais de uma portadora de 320 MHz para o WiFi, estão em estudo
Proposta de divisão dos 6 GHz chega ao conselho direto da Anatel
Proposta de divisão dos 6 GHz chega ao conselho direto da Anatel (crédito: Tele.Síntese)

A área técnica da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) enviou ao conselho diretor a proposta que prevê a divisão do uso da frequência de 6 GHz entre o WiFi e a telefonia móvel, dando prosseguindo a uma possível revisão da destinação da faixa, informou o superintendente de Outorga e Recursos à Prestação, Vinícius Caram, nesta terça-feira, 8, em painel no evento Futurecom.

A proposta não inclui as condições de uso de cada serviço, mas prevê 500 MHz da parte baixa da banda para o WiFi, enquanto o celular ficaria com os 700 MHz da parte alta da faixa.

De acordo com o servidor, o órgão regulador segue fazendo testes para avaliar como usar de forma eficiente o espectro compartilhado. Neste caso, mesmo com pouco menos da metade da banda, Caram assegura que o WiFi não ficaria apenas com uma portadora de 320 MHz, exceto nas grandes cidades, onde o 6G outdoor seria mais utilizado para prover conectividade móvel em localidades de alta densidade populacional.

“A proposta é colocar no PDFF [Plano de Distribuição de Faixa de Frequência] 500 MHz para radiação estrita e 700 MHz para o IMT [telefonia celular]. Agora, as condições de uso é que vão permitir essa flexibilidade, de modo a usar 1.200 MHz para o WiFi em determinadas condições”, disse o superintendente. No entanto, “desconheço soluções que usam mais de 320 MHz”, ponderou.

Assim como no INOVAtic, evento promovido pelo Tele.Síntese no fim de setembro, Caram ressaltou que a frequência de 6 GHz será importante para a implantação do 6G no Brasil, sobretudo para o uso da conectividade móvel em ambientes externos. Além disso, salientou que “é mais fácil achar uma faixa nova acima de 6 GHz ou de 10 GHz para o WiFi do que para o 6G”.

“Os testes vão mostrar que poderemos ter convivência de portadoras [para o WiFi]. Não estamos falando que não teremos mais de uma portadora [de 320 MHz]. Já fizemos testes parciais que provaram que a convivência [entre as duas tecnologias] é possível”, pontuou.

Críticas

No painel, representantes dos setores de internet, banda larga e satélites criticaram a proposta da área técnica da Anatel.

Mauro Wajnberg, presidente da Associação Brasileira das Empresas de Telecomunicações por Satélite (Abrasat), disse que a entidade “fica decepcionada com essa decisão”. Em sua argumentação, disse que a banda C, na qual diversos serviços por satélite estão alocados, terá dificuldades de conviver com o serviço móvel pessoal. Ainda ressaltou que é obrigação da Anatel garantir a funcionalidade dos serviços, sem interferências.

Eduardo Neger, presidente da Associação Brasileira de Internet (Abranet), defendeu a manutenção da destinação integral da faixa de 6 GHz para o WiFi, apontando efeitos prejudiciais ao serviço no futuro. “Isso impacta em degradação e perda de desempenho. Se não tiver a faixa toda, você não consegue ter desempenho tanto em velocidade quanto em latência”, asseverou.

Já a gerente da Área Regulatória, Jurídica e Institucional da Telcomp, Amanda Ferreira, disse que a entidade vai “debater, discutir e estudar o novo procedimento”. A associação também defende a integralidade da faixa para o WiFi.

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Eduardo Vasconcelos

Jornalista e Economista

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