Vivo vai usar faixa de 450 MHz para fornecer IoT rural
Para tentar finalmente usar a fixa de 450 MHz, que comprou em leilão, a Telefônca fechou parcerias com a Ericsson, que vai fornecer tecnologia LTE compatível com o espectro, com a incubadora de empresas EsalqTec e com a produtora de bioenergia Raízen, para desenvolver um projeto voltado ao atendimento do agronegócio. O projeto começa a ser implantado no mês que vem na Usina Costa Pinto, em Piracicaba, com o objetivo de interligar colheitadeiras utilizadas na colheita da cana de açúcar e para fazer o rastreamento de ramas de cana, entre outras atividades.
De acordo com Eduardo Navarro, presidente da Telefônica Vivo, o uso da faixa de 450 MHz para prestar telefonia nos distritos e no campo, objetivo pelo qual foi adquirida para atender aos objetivos de universalização como uma das contrapartidas do leilão da faixa de 700 MHz, acabou-se tornando inviável por falta de escala parra os dispositivos de usuário. “Como existem poucos projetos no mundo, o preço do telefone do usuário, que depende de escala para ser acessível, revelou-se proibitivo”, explicou ele para justificar porque a Vivo, nem as demais operadoras, preferiram fazer o atendimento rural com outras frequências.
Já no atendimento do campo, diz Navarro, o uso da 450 MHz pode se revelar viável, pois as aplicações de Internet das Coisas são mais específicas e não demandam escala. “O piloto vai nos revelar em que medida seu uso é adequado à IoT no campo”, diz ele. Vinicius Dalben, vice-presidente de Estratégia da Ericsson, acredita que o campo brasileiro tem uma grande demanda por conectividade no agronegócio, e que a faixa de 450 MHz pode atender a essa demanda por ter uma ótima propagação cobrindo de 50 a 60 km com uma única antena, dependendo do relevo.
Os demais parceiros do projeto são a Esaltec, a incubadora de empresas da tradicional Escola Superior Luiz de Queiroz, da USP, o principal centro de agronomia do estado de São Paulo, e a Raízen, de bionergia, que também mantém a Pulse, um arranjo de start ups. Dentro desse ecossistema, diz Navarro, o objetivo é estimular o desenvolvimento de aplicativos para o campo. Se o piloto tiver sucesso, a Vivo em parceria com a Ericsson quer fornecer a solução para qualquer tipo de cultura ou produção de animais.
Primeira experiência foi do CPqD
A primeira experiência do uso de LTE no campo foi do CPqD que desenvolveu tecnologia própria para a frequência de 250 MHz, em parceria com a Trópico. Antes tinha desenvolvido para 450 MHz, que não pode ser usada por ser frequência de uso por operadoras autorizadas. O piloto foi realizado na Usina São Martinho, em Pradápolis, no estado de São Paulo, a partir de 2014, com apoio do BNDES, usando uma rede LTE privada. No ano passado, já conectava mil máquinas. Este ano, a usina fechou contrato com a Trópico e, até o final de 2019, deverá conectar 2 mil equipamentos.