Voz ativa em telecom e big techs, Thierry Breton deixa a Comissão Europeia

Ex-comissário de Assuntos Internos acusa presidente Ursula von der Leyen de “governança questionável”; Breton ajudou a costurar Lei de IA e implementar normas de concorrência no bloco europeu
Thierry Breton renúncia à Comissão Europeia e acusa presidente de "governança questionável"
Thierry Breton (crédito: Comissão Europeia)

Uma das vozes mais proeminentes na regulação de telecomunicações, big techs e Inteligência Artificial (IA) na União Europeia (UE), o comissário da Comissão Europeia para Assuntos Internos, Thierry Breton, anunciou, de forma surpreendente nesta segunda-feira, 16, a sua saída do cargo. A renúncia tem efeito imediato.

Em carta, Breton deixou claro que sua saída ocorre em função de divergências com a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, a quem acusa de “governança questionável”.

A Comissão Europeia se prepara para formar a equipe executiva para os próximos cinco anos. Segundo Breton, a presidente, há alguns dias, pediu para o governo da França recuar na recondução de seu nome, com a suposta alegação de que seria indicado a um cargo de maior influência no colegiado.

No comunicado direcionado à von der Leyen, Breton diz que ela tomou essa decisão “por motivos pessoais que em nenhum momento foram discutidos diretamente comigo”.

O ex-comissário afirma que, nos últimos cinco anos, se dedicou a promover o bem comum na Europa, adotando uma postura acima de interesses partidários e nacionais. “No entanto, à luz destes últimos acontecimentos – mais um testemunho de uma governança questionável –, tenho que concluir que não posso mais exercer as minhas funções no Colégio”, escreveu.

No período em que esteve à frente da pasta de Assuntos Internos, Breton se destacou por estimular propostas regulatórias para os setores de telecom e de tecnologia digital. Ele ajudou a costurar um acordo em torno do projeto de lei que se tornou a primeira legislação de IA do mundo, além de apoiar discussões sobre a eventual implementação de uma taxa sobre o uso excessivo das redes de telecomunicações, conhecida como “fair share”.

Ex-CEO da France Telecom (atual Orange) e ex-ministro da Economia, Finanças e Indústria da França, Breton também teve atuação propositiva no modo como as big techs devem operar no bloco europeu.

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Eduardo Vasconcelos

Jornalista e Economista

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