Vendas de smartphones no mercado cinza crescem 537% no 3º tri de 2019
A consultoria IDC, que mede dados de vendas das fabricantes brasileiras de smartphones, divulgou hoje dados do levantamento realizado sobre o terceiro trimestre de 2019. Naquele período, as vendas no mercado cinza aumentaram nada menos que 537,3%. O mercado cinza se refere à venda de aparelhos que entraram contrabandeados no país.
Os números da consultoria estão em linha com o alerta feito ano passado pela Abinee, sobre a disparada da procura por esses telefones, na maioria da mesma fabricante chinesa, a Xiaomi. A associação, que já estimou os montantes do ano de 2019, calcula que foram 4 milhões de celulares contrabandeados. Entre outros motivos, o incremento nas vendas desse tipo de produto se deu pela facilidade de compra via marketplaces digitais.
Já segundo os dados divulgados hoje, 14, pela IDC, foram vendidos apenas no terceiro trimestre de 2019 1,28 milhão de aparelhos no mercado cinza, o que dá 537% a mais que no mesmo período do ano passado.
O movimento do mercado cinza vem crescendo desde o primeiro trimestre de 2019, quando a chegada de empresas chinesas no país despertou o interesse do consumidor, que quis comprar os lançamentos, mas pesquisou preços e recorreu aos comércios que praticam a venda destes produtos ilegais, pois os produtos são ainda mais baratos.
“Importante destacar que não são apenas fabricantes chineses que vendem produtos contrabadeados no Brasil e que nem sempre estes aparelhos são falsos. Eles podem ser originais, mas chegam ao Brasil ilegalmente e por isso entram no mercado cinza”, afirma o analista da IDC Brasil, Renato Meireles.
Mercado brasileiro de celulares encolheu
Após crescimento no segundo trimestre de 2019, que não ocorria desde o terceiro trimestre de 2017, o mercado brasileiro de celulares voltou a cair. Nos meses de julho, agosto e setembro de 2019, as vendas registraram queda de 1%, segundo o estudo da consultoria.
No período, foram vendidas 11,3 milhões unidades. Do total, 10,5 milhões foram smartphones (queda de 3,3%) e 865 mil foram feature phones (alta de 40,3%). O principal motivo para a queda do setor no período foi a retração do consumo no país por conta do cenário macroeconômico desfavorável.
Segundo Meireles, a desaceleração no consumo no terceiro trimestre de 2019 levou os fabricantes a baixarem os preços dos aparelhos, mas não foi o suficiente para o mercado reagir. “O varejo estava abastecido desde o segundo trimestre de 2019 e as empresas precisaram incentivar a compra. Isso influenciou o ticket médio dos produtos”, diz. O preço dos smartphones baixou 5,7% em relação ao terceiro trimestre de 2018, custando em média R$ 1.165, e os feature phones tiveram queda de 21,9%, custando R$ 113.
Com as promoções, o consumidor acabou comprando smartphones intermediários premium por preço de intermediário de entrada – com preço de R$ 700 a R$ 1099 -, que tiveram aumento de 88% nas vendas “O consumidor já está no seu quarto ou quinto smartphone e quer modelos com inteligência artificial, câmeras mais poderosas, mais memória interna etc. e, no período, encontrou celulares avançados por preços mais baixos”, afirma.
Já o mercado de feature phones continuou crescendo no terceiro trimestre de 2019, registrando alta de 40,3% na comparação com o mesmo período de 2018, depois de um aumento de 34% no segundo trimestre de 2019. O principal motivo, segundo o analista da IDC Brasil, foi a demanda que ainda existe para este tipo de aparelho e não a chegada do KaiOs. Por enquanto, o sistema operacional influenciou apenas a receita, já que o KaiOs deixa os feature phones um pouco mais caros. “Os fabricantes terão o desafio de fazer o consumidor compreender quando ele precisa de um smart feature phone e quando precisa de um smartphone básico, porque o ticket médio desses aparelhos são parecidos”, afirma Meireles.
Quanto à receita do mercado de smartphones no terceiro trimestre de 2019, diminuiu 9% na comparação com o mesmo período de 2018. O faturamento do setor no período foi de R$ 12,3 bilhões. Já para os feature phones, a receita fechou em R$ 97,7 mil, alta de 9,6%.
4º trimestre
Para os meses de outubro, novembro e dezembro de 2019, a IDC Brasil prevê um aumento de 5,1% no volume total de vendas de smartphones no País.
“A expectativa é fechar os últimos três meses do ano com aumento por conta de eventos como a Black Friday e um cenário macroeconômico melhor, com índice de inflação mais baixo e confiança do consumidor mais alta”, explica o analista. Os preços tendem a seguir mais baixos com as promoções da época e influenciar a receita do mercado, que deve continuar em queda. Para o ano de 2019 como um todo, a previsão da IDC Brasil é que o mercado de smartphones retraia 0,5%.
Em relação a categoria de feature phones a previsão da IDC é que o mercado cresça 20,4% nos meses de outubro, novembro e dezembro, e 23.0% no ano todo de 2019. (Com assessoria de imprensa)