Tribunal do Cade não pode aprovar operação AT&T/Time Warner tal como está

A superintendência-geral do agência antitruste verificou que a compra dos estúdios Time Warner pode fechar mercado de programação, discriminar concorrente de TV paga e os consumidores.

logo_SkyA Superintendência-Geral verificou que a integração vertical proposta pela operação de compra da Time Warner pela operadora de telecom, AT&T, pode alinhar os interesses entre a programadora Time Warner e a Sky, operadora de TV por assinatura controlada pelo Grupo AT&T. Tanto a Sky como a Time Warner possuem relevante poder de mercado. Tal alinhamento criaria incentivos para fechamento tanto no mercado de licenciamento/programação quanto no de operação de TV por Assinatura, gerando preocupações concorrenciais.

Segundo a SG/Cade, a estrutura resultante da operação permitiria à Time Warner ter acesso a informações sensíveis de todos os seus concorrentes por meio da Sky. Da mesma forma, a AT&T teria acesso às condições negociadas pelos seus rivais por meio da Time Warner. A nova empresa também teria capacidade e incentivos de adotar diversas formas de discriminação contra seus concorrentes em ambos os mercados, o que poderia fragilizar o ambiente concorrencial.

 Superintendência-Geral também entendeu que a operação criaria incentivos para uma coordenação – ainda que tácita – entre as duas maiores programadoras de TV por assinatura (Globosat e Time Warner) e as duas maiores operadoras do setor (Net/Claro e Sky) do país, prejudicando significativamente as empresas e os consumidores do segmento de TV paga.

O parecer da SG/Cade também conclui que não cabe ao Cade a aplicação da Lei 12.485/2011 – que dispõe sobre a comunicação audiovisual de acesso condicionado e prescreve limitações à verticalização no setor. O entendimento é o mesmo da Procuradoria Federal Especializada do órgão – ProCade, que já havia se manifestado sobre o assunto nos autos do processo. Na análise do caso, foram levados em conta apenas os efeitos concorrenciais do negócio, tema de competência da autarquia. 

Para a Superintendência, a operação não pode ser aprovada da forma como foi apresentada. Por isso, impugnou-a perante o Tribunal do Cade. Caberá ao colegiado, então, decidir pela aprovação ou reprovação do ato de concentração. O Tribunal pode, ainda, aprová-lo com restrições, impondo remédios que afastem os problemas concorrenciais identificados, ou celebrar um Acordo em Controle de Concentrações – ACC com as requerentes, chegando a uma solução negociada que enderece as preocupações identificadas.

A operação foi notificada em 28 de março deste ano. O prazo legal para a decisão final do Cade é de 240 dias, prorrogáveis por mais 90. (assessoria de imprensa)

Leia aqui a íntegra da decisão

Avatar photo

Da Redação

A Momento Editorial nasceu em 2005. É fruto de mais de 20 anos de experiência jornalística nas áreas de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) e telecomunicações. Foi criada com a missão de produzir e disseminar informação sobre o papel das TICs na sociedade.

Artigos: 11032