Transição energética combina IA com métodos tradicionais
Para o setor de óleo e gás, transição energética exige combinação de métodos tradicionais com inteligência artificial e ciência de dados. O Brasil tem enorme potencial para liderar a transição energética global, especialmente devido à consolidação de novas fontes de energias limpas – como eólica, solar e biomassa – para o crescimento macroeconômico nacional com reflexos positivos na indústria. A avaliação é de Carlos Pascual, senior vice-president for Global Energy da SP Global Commodity Insights, um dos participantes da Rio Oil Gas, maior evento do setor na América Latina, promovido pelo Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás (IBP).
O tema dominante foi a transição energética e a necessidade de o setor de óleo e gás atingir a neutralidade de carbono até 2050. O monitoramento do volume de emissões começou a ser feito por meio de uma parceria entre o IBP e a consultoria WayCarbon. O estudo avaliou 40 associadas do IBP e identificou os quatro segmentos que mais emitem dentro do setor de OG: downstream (distribuição), com 44%; upstream (exploração e produção), com 35%; térmicas, com 16%; e midstream (refino), com 5%. “Esse mapeamento vai servir para a avaliação das medidas custo-efetivas para a descarbonização”, afirmou Julia Rymer, gerente de mitigação da WayCarbon.
Segundo Pascual, da SP, o segmento de petróleo e gás ainda será cobrado globalmente por iniciativas de descarbonização e redução de emissões de gases de efeito estufa. O executivo defende que as inovações de hoje devem ser parte da mesa de discussão setorial e terem incentivos para pesquisa e desenvolvimento.
Fernanda Delgado, diretora executiva corporativa do IBP, lembrou que os setores de óleo e gás e de energia são responsáveis por 15% das emissões diretas e indiretas globais. “De acordo com Agência Internacional de Energia, até 2026, serão demandados US$ 90 bilhões em inovações para promoção do net zero e de investimentos para concretizar essas novas tecnologias”, destacou. Nesse cenário, a tecnologia tem papel fundamental para viabilizar a transição energética e a inteligência artificial desponta com um dos principais métodos para se atingir essas metas, desafiando até modelos tradicionais de engenharia.
Um levantamento do Programa de Planejamento Energético, da Coppe/UFRJ, apresentado pelo professor adjunto Pedro Rochedo, baseado em ferramentas matemáticas de modelagem, concluiu que o controle do desmatamento é uma medida essencial para o Brasil, se quiser manter seu papel de relevância em uma economia de baixo carbono no futuro. O embate entre os dois tipos de tecnologia – métodos de engenharia x inteligência artificial – foi amplamente discutido no painel dedicado à IA.
Geraldo Rochocz, fundador e diretor de tecnologia da Radix, destacou que a primeira universidade e engenharia foi criada em 1706 e, desde então, vem sendo desenvolvido todo um arcabouço de conhecimentos – termodinâmica, fenômenos de transportes, difusão, cinética química, equilíbrio de fases – compondo um legado científico acumulado em quatro séculos.
“Não se pode chegar ao século 21, mandar jogar tudo isso fora e dizer ´vamos usar dados´. Temos ferramentas como modelagem física, simulação e métodos matemáticos e a IA é apenas mais uma ferramenta”, defendeu Rochocz. Para Mariana Kobayashi, coordenadora de projetos digitais da TotalEnergies e Tamara Garcia Bermejo, gerente de tecnologia e inovação da Repsol Sinopec,
a melhor estratégia é combinar os dois modelos. Mariana informou que a Total já vem obtendo resultados em toda a cadeia logística com o uso de pequenos projetos de IA,, em detrimento de grandes e complexos projetos.
“Em refino, logística e no setor de exploração e produção, conseguimos evitar acidentes e vazamentos”, diz a executiva. A Repsol tem alcançado resultados na logística com otimização nos transportes de pessoas, na entrega de equipamentos nas operações offshore e em toda a nossa parte logística. Para Tamara Bermejo, a digitalização aumenta a eficiência dos processos do setor de óleo e gás.