Teles buscam construir futuro com os clientes
Se é inegável o impacto da telefonia móvel na economia — a contribuição do ecossistema móvel para PIB global foi de US$ 3,3 trilhões em 2016 e deve atingir US$ 4,4 trilhões em 2020 — e vida em sociedade, com o avanço da tecnologia 5G e da Internet das Coisas, também é certa que o mundo cada vez mais conectado cria nas pessoas um certo “medo da tecnologia”, de que ao lado de seus benefícios ela lhe tire seus empregos e seus direitos. Para afastar esse temor, CEOs das principais operadoras mundiais, como Telia e Vodafone, dizem que elas têm a responsabilidade de construir o futuro junto com seus usuários, de engajar a sociedade em seus projetos e de construir empresas que sejam não apenas socialmente responsáveis, mas sustentáveis. “Somos responsáveis por criar valor para os clientes”, disse José Maria Álvarez-Pallete, CEO da Telefónica, em sua saudação.
Marie Ehrling, que está à frente da Telia, ao participar do painel sobre “Criando a Melhor Oferta de Serviços”, que abriu a sessão de grandes debates do WMC 2018, que se realiza em Barcelona, chamou a atenção para a responsabilidade que têm as grandes operadoras na construção de uma indústria que seja sustentável. Para isso, disse ela o futuro a ser construído tem que ser inclusivo, no sentido de incluir toda a sociedade nos serviços, tem que engajar os clientes e ser responsável com o meio ambiente. Ehrling lembrou que a Telia, uma empresa sueco-finlandesa, que opera em 16 países, é na Europa a operadora com a base de clientes mais conectada. E afirmou que a base do sucesso é engajar os clientes no que está acontecendo. “Mais detalhes, mais dados, mais consumo e mais segurança para o cliente sobre como gerenciar os seus dados”, receitou.
Da mesma forma que Ehrling, também Vitorio Calao, CEO da Vodafone, vê a tecnologia como uma solução para vencer os desafios que a sociedade tem pela frente. Ele entende que ela traz enorme possibilidade, inclusive para criar novas oportunidades de gerar empregos para substituir os que vão desaparecer na indústria tradicional. “Eu sou otimista. Desenvolvendo um ecossistema adequado, é possível afastar technofear”, disse. Por ecossistema adequado, Calao entende uma infraestrutura megabit com valor equilibrado do espectro, investimento privado, neutralidade dos subsídios públicos. No que se refere aos investimentos e competição, prega genuíno co-investimento sem feriado regulatório, acesso competitivo. Por fim, acha essencial a cooperação público-privada, que ela possa ser organizada em nível local, regional e federal e que haja incentivo às startups.
Parcerias
Na construção da sua rede 5G, prevista para chegar ao mercado em 2020, a Docomo apostou em parcerias. Segundo Kazuhyo Yoshikawa, 610 entidades demonstraram interesse e estão engajadas desenvolvendo aplicativos. Entre os exemplos apresentados porrete, está a Komatsu que desenvolveu robôs controlados a partir de estação radiobase 5G que comandam equipamentos da construção civil – no vídeo, uma escadaria. Outra aplicação é na área médica, de diagnose, entre um hospital universitário e uma clínica remota. O diagnóstico é feito à distância.
Também a Vodafone recorreu às parcerias para avançar nos seus programas de 5G e IoT. Calao relatou que a empresa está realizando um trial em Milão, usando a banda de 3,6 a 3,8 GHz. Neste ano, o trial vai cobrir 80% da cidade e, em 2019, vai chegar a 100%. A experiência envolve 38 parceiros, sendo algumas empresas tradicionais de várias start ups.
O piloto envolve a área de saúde, com uma ambulância conectada; outra aplicação está relacionada ao tráfego e à mobilidade, com controle inteligente de semáforos; e uma terceira aplicação é na área de segurança, com drones para segurança aérea.
5G e IoT também estão entre as prioridades da China Telecom, que da mesma forma que a Docomo trabalha com o ano de 2020 para colocar a nova tecnologia na rua. As ferramentas de apoio para a transição da tecnologia 4G para a 5G são a virtualização dos elementos de rede e as redes definidas por software (SDN), ao lado da inteligência artificial e da nuvem. Esse conjunto de tecnologias formam a base sobre a qual a empresa vem avançando em seus desenvolvimentos, sendo relatou Shang Ding, CEO, para quem a digitalização é essencial para criar uma nova relação com os clientes.