Telebras vai conectar 28 mil pontos Gesac com diferentes satélites

O programa Gesac, que foi ampliado, e terá que conectar 28 mil pontos federais em todo o país, não conta  mais com a exclusividade da Viasat e de seu próprio satélite SGDC.
Frederico de Siqueira Filho | Diretor Presidente da Telebras
Frederico de Siqueira Filho | Diretor Presidente da Telebras

A Telebras promoveu  uma mudança importante na gestão dos pontos de conexão de banda larga do Governo Federal, sob sua responsabilidade. O programa Gesac, que foi ampliado, e terá que conectar 28 mil pontos federais em todo o país, não conta  mais com a exclusividade da Viasat e de seu próprio satélite SGDC para fazer essas conexões. Segundo seu presidente, Frederico de Siqueira, a Telebras conta agora para os pontos Gesac com a oferta de capacidade dos diferentes satélites que irradiam para o Brasil, como Hispamar, SES, Hughes, todos geoestacionários.

Essa mudança ocorreu, explica, porque estão sendo oferecidas novas velocidades no programa – que agora poderá conectar os pontos com 20, 30, 40 e 60 Mbps, e também foram refeitos os contratos com novos valores. “Buscamos uma rentabilidade maior nesses novos contratos”, afirmou ele em entrevista ao TS. Em resposta aos comentários do mercado de que teriam sido desligados centenas de pontos Gesac em sua gestão, Siqueira diz que foram desligados justamente para serem religados com essas novas velocidades. E os novos pontos, afirmou, serão instalados a partir das demandas dos diferentes órgãos do Governo Federal.

O executivo voltou a defender que a empresa deve se transformar em um hub de integração satelital, contando com toda a capacidade do mercado geoestacionário. Os fornecedores serão contratados de acordo com o menor valor e a capacidade de atendimento na região e capacidade produtiva de instalação, explica.  Sobre os satélites de órbita baixa (leia-se Starlink), o executivo disse que o foco inicial é  com os satélites geoestacionários mas nada impediria que, no futuro,  mirar para os satélites de órbita baixa.

Resultado

Siqueira explicou ainda que o aumento do prejuízo da empresa este ano deveu-se principalmente em função da migração de contratos antigos, mas está bastante otimista que a empresa vai conseguir caminhar sozinha, e deixar de ser dependente do Estado, como é atualmente. Devido a suas grandes restrições orçamentárias, o mercado comenta que a empresa está com muitas dificuldades de pagar seus principais fornecedores, inclusive a empresa de tecnologia nacional Padtec, principal responsável pelo core de seu backbone de fibra. ” É uma questão momentânea, mas estamos bastante otimistas em resolver essa situação o quanto antes”, afirmou ele.

Frederico Siqueira ressalta que o governo, ao publicar o decreto de preferência à Telebras para as compras  feitas pela Administração Direta Federal, é uma demonstração clara de apoio ao papel estratégico da empresa.  ” O principal propósito da Telebras é entregar a política pública de inclusão digital. É chegar onde ninguém está e cobrir os  vazios tecnológicos”, ressaltou.  E para isso, a empresa precisa monetizar ao máximo os seus ativos,  para poder rentabilizar a companhia, torná-la autossustentável e começar a dar lucro, que é o que o governo espera da gente para que a gente tenha capacidade de reinvestir”, completa. Ele imagina que em dois anos a empresa conseguirá sair do vermelho.

A grande rede de fibra óptica da operadora, que, reconhece Siqueira, está subutilizada, é uma das peças-chave para a sua reestruturação.  “O governo entendeu a importância da companhia, e o grande gesto foi a regulamentação da lei da preferência”, afirmou. Ele diz que a Telebras quer ser contratada por sua capacidade técnica e preço competitivo que vai oferecer. “Só iremos disputar os contratos que pudermos entregar”, completa.

O executivo planeja que a rede de fibra da Telebras passe inicialmente a fazer ofertas para backups redundantes e soluções de segurança de dados, para em seguida ir avançando em ofertas mais sofisticadas. Quanto à rede privativa do governo, que está sendo construída com o dinheiro do leilão do 5G, o executiva entende que a Telebras será a escolha natural para gerir essa rede, mas para que isso aconteça, depois de construída, a rede terá que ser doada à União para que a estatal possa assumir a sua gestão.

Além dos mercados satelitais e de fibra, a Telebras quer também potencializar para o mercado governamental os serviços de datacenter, passando a ser também uma opção de segurança para os diferentes birôs estatais do governo. Com um dos únicos Tier IV do país, ele entende que essa infraestrutura merece ser apropriada por diferentes órgãos do governo federal.

 

 

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Miriam Aquino

Jornalista há mais de 30 anos, é diretora da Momento Editorial e responsável pela sucursal de Brasília. Especializou-se nas áreas de telecomunicações e de Tecnologia da Informação, e tem ampla experiência no acompanhamento de políticas públicas e dos assuntos regulatórios.
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