Sob pressão da UE, Apple abre iOS e permite compras fora da App Store

Usuários em países que fazem parte do bloco europeu poderão comprar e instalar aplicativos por meio de outras lojas; contrariada, big tech diz que risco à segurança aumenta
Apple libera compras fora da App Store na UE
Na UE, usuários de iPhone poderão fazer compras fora da App Store (crédito: Divulgação/Apple)

Pressionada pela regulação europeia, a Apple anunciou, na quinta-feira, 25, uma série de mudanças relacionadas ao funcionamento do sistema iOS, do navegador Safari e da loja de aplicativos App Store no território da União Europeia (UE) a partir de março deste ano. Em linhas gerais, desenvolvedores e usuários poderão recorrer a plataformas de terceiros para ofertar, receber pagamentos e instalar aplicativos e softwares em dispositivos iOS, como os celulares iPhone.

A Apple tomou a decisão de abrir o seu ecossistema como forma de se adequar ao Regulamento dos Mercados Digitais (DMA, na sigla em inglês), cujas penas por descumprimento começam a ser impostas no mês de março.

Segundo a big tech, as mudanças incluem mais de 600 novas APIs, análise expandida de aplicativos, funcionalidade para navegadores alternativos e opções para processamento de pagamentos e distribuição de aplicativos fora da App Store.

A companhia informou que as novas capacidades serão disponibilizadas para usuários nos 27 países que compõem a UE em março, por meio do iOS 17.4 – a versão beta já está disponível. Em comunicado, a empresa também disse que compartilhará novos recursos relacionados às mudanças no mês de introdução das funcionalidades.

Vale lembrar que as novidades não atingem o Brasil ou qualquer outro mercado, exceto o bloco europeu, uma vez que ocorrem exclusivamente em função da legislação europeia.

Abertura x Segurança

A possibilidade de ofertar aplicativos por outras lojas online gera a expectativa de que os preços caiam na UE, tendo em vista que a Apple ganha comissão pelas vendas realizadas na App Store. As mudanças também incluem a abertura do sistema NFC, de modo que outras carteiras digitais, além da Apple Pay, possam ser usadas por donos de iPhone. Além disso, ficará mais fácil para substituir o Safari por outro navegador como principal em dispositivos iOS.

No mesmo comunicado em que anunciou as novidades, a Apple, que sempre se manteve contra as imposições previstas na DMA, ressaltou que a norma traz “novos riscos” para usuários na UE.

“As novas opções para processar pagamentos e baixar aplicativos no iOS abrem novos caminhos para malware, fraudes e golpes, conteúdo ilícito e prejudicial e outras ameaças à privacidade e à segurança”, afirma a big tech.

“É por isso que a Apple está introduzindo proteções – incluindo Notarização para aplicações iOS, uma autorização para programadores de mercado e pagamentos alternativos – para reduzir riscos e proporcionar a melhor e mais segura experiência possível aos usuários na UE. Mesmo com estas salvaguardas em vigor, muitos riscos permanecem”, acrescenta a empresa.

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Eduardo Vasconcelos

Jornalista e Economista

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