Setor de TICs cresce o triplo da economia geral na OCDE
Publicado nesta terça-feira, 14 de maio, o primeiro volume do levantamento sobre a economia digital da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) mostra um avanço das tecnologias de informação e comunicação (TIC) em ritmo bem mais acelerado do que a economia em geral. De acordo com essa edição do Digital Economy Outlook, esse setor cresceu em média 6,3% entre 2013 e 2023, índice que aponta um avanço três vezes mais rápido do que a soma de todos os setores da economia nos 27 países da OCDE analisados pelo estudo.
O levantamento também aponta um crescimento do setor de TIC a uma taxa média de 7,6% só no ano passado. Em alguns países da OCDE, esse índice passou de 10%, caso de Inglaterra, Bélgica, Alemanha, Áustria e Holanda. A pesquisa utilizou big data e machine learning para desenvolver um modelo de previsão capaz de fornecer dados atualizados e comparáveis sobre o crescimento econômico desse setor. “Embora a economia digital não esteja estritamente confinada ao setor das TICs, este permanece o seu cerne, sustentando a inovação digital. No entanto, faltam dados sobre seu desempenho, o que limita a visibilidade das decisões políticas”, observa sobre a importância da adoção do novo modelo preditivo.
Relações problemáticas com redes sociais
O Digital Economy Outlook da OCDE também chama atenção para outro aspecto da economia digital. “As tecnologias digitais mudaram drasticamente a forma como as pessoas vivem e se comunicam, trazendo benefícios e oportunidades, bem como novos riscos, nomeadamente para a saúde mental”, afirma o documento.
O relatório traz dados recentes de um estudo do Health Behaviour in School-aged Children (HBSC) feito em 44 países, incluindo 29 da OCDE, que mostram aumento de 49% das taxas médias de PSMU (uso problemático de mídias sociais, na tradução da sigla em português). A taxa de meninas que se dizem infelizes devido à utilização das redes sociais é ainda mais que o dobro do percentual apresentado pelos rapazes.
Inteligência artificial
Quanto aos investimentos globais em inteligência artificial (IA), o estudo aponta um grande aumento. Entre 2022 e 2023, esses montantes passaram de US$ 1,3 bilhão de dólares para US$ 17,8 bilhões. Ao mesmo tempo, alerta o estudo, houve um crescimento da ordem de 53 vezes no número de incidentes relacionados ao uso da IA generativa desde o fim de 2022.
O levantamento da OCDE aponta a importância da regulação da utilização da IA. Este ano, de acordo com o Observatório de Polícias da OCDE, há mais de 1.000 iniciativas políticas relacionadas à IA em 70 jurisdições. Destas, cerca de 354 dizem respeito à orientação e regulamentação da inteligência artificial. Entre os países que discutem a regulamentação citados pelo levantamento até o Brasil, que tem como modelo a legislação recentemente aprovada pela União Europeia. “A adoção da IA está concentrada no setor de TICs. Na OCDE, uma média de 28% das empresas de TIC utilizaram IA em 2023, um valor superior a qualquer outro setor. Para que os benefícios da IA sejam amplamente partilhados, as taxas de difusão devem aumentar noutros setores”, diz o estudo.
