Setor de TI defende aproveitamento de quadros internos em carta ao MCTI
Treze associações do setor de TI entregaram uma carta aberta à ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos, sugerindo que os futuros dirigentes das novas Secretarias de Ciência e Tecnologia para Transformação Digital e de Desenvolvimento Tecnológico e Inovação tenham necessariamente uma formação e perfil técnicos e conhecimento prévio do funcionamento do ministério. Os empresários aprovam a nova estrutura e consideram que contribuirá para a eficiência e eficácia das atividades do MCTI.
A ação inédita – não tem precedentes em governos passados – surgiu da preocupação com manifestações iniciais da ministra, de que daria prioridade à academia.
“Não temos nada contra a academia, pelo contrário, defendemos cada vez mais a interação entre universidades e setor privado, mas sabemos que as empresas, o setor de startups são fundamentais para se avançar nessa área”, afirmou o vice-presidente do Conselho Administrativo da Associação Brasileira de Empresas de Softwares (Abes), Francisco Camargo (foto).
Segundo Camargo, a ideia da carta partiu de setores do Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br), que articulou com as entidades, tendo em vista a manutenção da interlocução com o MCTI.
“Nossa experiência na transformação digital é conhecida, pois as entidades que assinaram a carta representam 85% do faturamento nesse setor e 90% dos empregos gerados”, disse,
Camargo ressalta que o documento deixa claro que existem quadros técnicos de excelente qualidade na pasta e que podem ser aproveitados. “Não tem nada com o fato de que a ministra é mulher, mas pelo fato de que talvez ela não conheça os funcionários”, disse.
O representante da Abes não quis citar nomes, mas reconheceu que Maximiliano Martinhão, que desde o governo passado está no Ministério das Comunicações, é um exemplo disso. Assim como José Gontijo, que até recentemente comandou a Secretaria de Inovação da pasta.
“Ele é familiarizado com o setor e tem colaborado muito com a gente na parte de startups e conhece profundamente o ministério e o setor”, disse.
Para Camargo, o corpo técnico do MCTI terá uma participação imprescindível nos debates sobre a regulamentação das big techs e da Inteligência Artificial, temas de grande importância para evolução da transformação digital.
Colaboração
“O desenvolvimento do Brasil não pode prescindir do letramento científico, da educação tecnológica, do fomento à pesquisa aplicada na produção de bens e serviços de base tecnológica”, dizem as entidades na carta enviada à ministra Luciana Barbosa de Oliveira Santos.
E se colocam à disposição para “continuar colaborando com o MCTI em sua gestão, de forma produtiva e com espírito de construção de um ambiente propicio à inovação, ao desenvolvimento do setor de bens e serviços de base tecnológico em parceria do governo federal”, ressaltam.
O documento enfatiza o desejo das Associações signatárias de que os novos secretários continuem trabalhando “de forma harmoniosa e produtiva com todos os setores do ecossistema digital que, desde já, buscam continuar somando aos esforços do fortalecimento da economia do Brasil a partir do engajamento do tríplice hélice composta por Estado, Empresas e Academia”.
Leia aqui a íntegra da carta.