Setor de telefonia móvel é feito para manutenção de gigantes, diz Unifique

Fabiano Busnardo, CEO da empresa, defende que Anatel equilibre a distribuição de frequências altas e baixas nos próximos leilões de espectro; para ele, assimetrias são essenciais para que novas operadoras possam competir
Telefonia móvel é feito para manutenção de gigantes, critica Unifique
Para Unifique, leilões de telefonia móvel precisam de equilíbrio entre teles e entrantes (crédito: Freepik)

Entrante da telefonia móvel como operadora regional do 5G, a Unifique ainda está dando os primeiros passos na operação comercial do serviço celular. Em evento sobre espectro da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), nesta terça-feira, 25, o CEO da empresa, Fabiano Busnardo, apresentou os desafios para entrar no segmento que classificou como “uma indústria de gigantes, onde os sistemas são feitos para empresas gigantescas”.

O executivo deu a entender que ter apenas a frequência de 3,5 GHz adquirida no leilão do 5G é insuficiente, de modo que o acesso à faixa de 700 MHz, ainda que em caráter secundário, tem sido uma forma de atenuar as dificuldades operacionais. Nesse sentido, ele reivindicou que a Anatel equilibre a distribuição de faixas baixas e altas nas próximas licitações.

“Viemos aprender o quanto é difícil começar a operação só com essa banda [de 3,5 GHz]. Aliás, eu diria que é impossível. Alguns players já sabiam disso, mas aprendemos agora”, disse Busnardo. “O grande desafio é poder acessar uma faixa baixa. (…) Conseguimos uma solução temporária que vai nos ajudar a startar [iniciar] com velocidade com essa frequência em regime secundário, mas precisamos de uma solução definitiva para ter segurança e uma operação mais sustentável ao longo do tempo”, complementou.

No mesmo painel que a TIM, que criticou a assimetria regulatória entre empresas com Poder de Mercado Significativo (PMS) e Prestadoras de Pequeno Porte (PPP), a Unifique enfatizou que a entrada no setor de telefonia móvel não é fácil, por ter que competir com companhias estabelecidos no segmento, além de ter que cumprir as obrigações previstas no edital da quinta geração móvel.

“Temos que cobrir todas as cidades abaixo de 30 mil habitantes [na nossa área de cobertura] com 5G até 2029. São justamente mercados com menor densidade e menos recursos. Nos primeiros testes, detectamos que telefone 5G é uma raridade nas cidades pequenas”, salientou Busnardo.

À Anatel, o CEO solicitou a implantação de um procedimento que acelere a homologação das redes das novas operadoras em smartphones, condição fundamental para que o aparelho reconheça o sinal de telefonia celular. Segundo ele, “foi uma surpresa o quão demorado é esse processo”.

O executivo também apontou a falta de padronização no sistema de SMS, tecnologia ainda bastante utilizada pelo setor financeiro para identificação do usuário e redução de fraudes. “Cada player tem uma forma, um shortcode. É um mercado desorganizado que achamos que também precisa de uma intervenção para que padrões sejam estabelecidos”, ressaltou.

FWA

No painel, Busnardo também informou que a Unifique está testando a tecnologia 5G FWA, que permite usar a quinta geração móvel como banda larga fixa. No momento, a operadora regional está testando cerca de 100 unidades.

“Tem que diminuir o preço do dispositivo. Como o país tem uma rede de fibra difundida com custo atraente, me parece que, quando o custo [do FWA] diminuir, teremos uma oportunidade, sim”, sinalizou.

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Eduardo Vasconcelos

Jornalista e Economista

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