Setor cobra medidas urgentes para conter roubo de cobre, fibra e equipamentos
A adoção de medidas que coíbam o roubo de fio de cobre, fibra óptica e equipamentos é uma necessidade urgente para garantir a integridade das redes de telecomunicações, os prejuízos financeiros e os danos aos consumidores. Esta é uma das conclusões unanimes extraída do webinar sobre Segurança e integridade da infraestrutura de redes, promovido pelo Painel Telebrasil nesta terça-feira, 28.
Nas estimativas da presidente da Feninfra (federação que representa as empresas de instalação de rede, manutenção e call centers), Vivien Suruagy, 90% dos 2 milhões de km da infraestrutura de fibra óptica foram instalados por empresas desconhecidas e, em algumas partes, com equipamentos roubados ou contrabandeados, transformando a rede numa “bomba relógio”. Já os 1 milhão de km, construídos pelas grandes operadoras, foram feitas seguindo as boas práticas que seguem as empresas filiadas à federação, assim como os 10% das redes das competitivas.
Segundo Vivien, o prejuízo estimado é de R$ 1 bilhão e essas perdas poderiam ser minimizadas com uma atuação mais forte por parte da Anatel, para certificação das redes. “A Feninfra já faz essa certificação, que estimula a melhoria dos processos internos das empresas que trabalham com a instalação de redes”, disse.
Impedimento de acesso
Segundo o representante da Oi, Alexander Castro, o roubo de cabos e de fibras é uma constante na operadora, porém o problema atual de maior relevância é o impedimento de acesso a comunidades no Rio de Janeiro, por grupos criminosos e milícias. “Em um ano, as áreas onde os funcionários da manutenção foram proibidos de entrar subiram 70% e atingiram cerca de 6,7 milhões de clientes”, disse.
Castro ressalta que, além do prejuízo econômico, a reputação da empresa fica comprometida. Além disso, a operadora registrou 73 mil ocorrências de furto de cabos e equipamentos (como de DWDM) e um total de quatro milhões de metros de cabos. “Não se pode mais aceitar que essas ocorrências fazem parte do risco do negócio”, disse. Ele adiantou que a empresa está procurando apoio do executivo, judiciário, legislativo e de formadores de opinião para que se estude uma forma de atacar o problema.
Uma das medidas apoiada pela Oi é o aumento das penas para que rouba e vende cabos. Outra é decretar a inviabilidade de negócios clandestinos e de que a Anatel considere as ocorrências de impedimento de acesso como de força maior, para evitar que a empresa seja sancionada.
Tiago Caetano, da Sercomtel, disse que na sua área a questão mais grave é do roubo de cabos de cobres, que causa grande prejuízo à empresa. De acordo com ele, monitoramento da rede e instalação de câmeras onde há reincidência dos furtos não têm sido suficientes. Ele defende a regulamentação da venda de cobre e também o aumento de penas.
O superintendente de Controle das Obrigações da Anatel, Gustavo Borges, afirmou que a Anatel tem aumentado a fiscalização, agora com 500 fiscais; tem feito acordos com alfândegas para evitar a importação clandestina e com marketplaces, como Mercado Livre e Submarino, para que não vendam produtos não certificados.
Borges, porém, rebateu informações da Feninfra, de que a agência não tem controle das redes de menor porte. Segundo ele, infraestrutura sem homologação é um número bastante reduzido. “Essas redes precisam se conectar a outras e a Anatel tem formas de identificá-las”, disse.
No caso da Oi, o superintendente afirma que é um caso de segurança pública onde a Anatel não pode atuar sozinha. “A agência está sempre a disposição para aprimorar esse trabalho”, disse.