Serpro investe R$ 700 milhões na Nuvem Soberana de governo

O presidente do Serpro, Alexandre Amorim, diz que os recursos serão canalizados em um prazo de sete anos para a construção de uma nuvem de governo que não terá qualquer transferência internacional de dados.
Presidente do Serpro, Alexandre Gonçalves de Amorim | Foto: Anderson Riedel - Serpro
Presidente do Serpro, Alexandre Gonçalves de Amorim | Foto: Anderson Riedel – Serpro

O Serpro é a empresa que está construindo a Nuvem Soberana do governo federal. Segundo o seu presidente Alexandre de Amorim, a empresa irá investir, em sete ano, R$ 700 milhões para estruturar o parque computacional para essa nuvem de governo. Nuvem essa, explica, que não terá qualquer transferência internacional de dados e todas informações ficam armazenadas e processadas dentro das fronteiras nacionais.

Mas a construção da nuvem de governo, diz o executivo, não impede que o Serpro continue a oferecer a solução MultiCloud, em parceria com os maiores players do mercado global de nuvem, onde as ferramentas de segurança são agregadas pela estatal, que tem planos também de avançar em serviços de cibersegurança.

Leia aqui os principais trechos da entrevista:

Tele.Síntese – A nova gestão do Serpro tem defendido a construção de uma nuvem soberana. O que é isso?

Alexandre de Amorim – Primeiro, é uma diretriz de governo. Nós estamos nos organizando para que o governo tenha um ambiente, a sua estrutura nacional de dados que possa transacionar em uma nuvem de gestão 100% nacional. Os dados são armazenados e processados dentro das fronteiras nacionais, garantindo conformidade com as regulamentações locais de segurança e privacidade, sem qualquer transferência internacional de dados.

Tele.Síntese – Quais dados?

Amorim –  Todos os dados que os nossos clientes quiserem colocar. Aqui estão dados do Imposto de Renda, dados da carteira de  identidade nacional, dados do comércio exterior, dados do Ministério da Agricultura.

Tele.Síntese – Como o Serpro planeja garantir que a nuvem soberana seja 100% controlada pelo Estado, especialmente em termos de segurança e privacidade dos dados?

Amorim – A soberania digital não é garantida apenas pelo fato de o Serpro ser uma empresa estatal, mas, sobretudo, pela tecnologia empregada: uma infraestrutura em nuvem de gestão 100% nacional, hospedada nos centros de dados do Serpro, assegurando a soberania e a privacidade dos dados, inclusive os confidenciais e sigilosos. Essa foi nossa premissa ao decidir criar uma nuvem no Serpro. Atualmente, a empresa já oferece ao Brasil soberania digital no modelo tradicional de guarda de dados, mas, com a Nuvem de Governo, vamos proporcionar aos nossos clientes e outras entidades públicas a oportunidade de migrar serviços de missão crítica do Estado brasileiro para o modelo em nuvem, se assim desejarem.

Tele.Síntese – A princípio, os principais provedores de nuvens de todo o globo são as mega corporações, conhecidas  como big techs. Como elas irão se relacionar com a Nuvem Soberana?

Amorim – O Serpro trabalha com todos os fornecedores de nuvem globais: Googl Cloud, AWS, Azure, Huawei. O Serpro Multicloud, uma solução de multinuvem,  construímos em parceria com o mercado privado. Reunimos praticamente todos os players que oferecem nuvem no país, mas com um diferencial importante para os órgãos públicos: contar com a expertise e a segurança do Serpro para definir as melhores soluções, garantir segurança de excelência e lidar com sistemas complexos na Administração Pública Federal, o que faz uma enorme diferença quando falamos em migração e manutenção desses serviços. E a Nuvem de Governo chega para completar nosso “cardápio” de ofertas no Serpro Multicloud, tornando-se a única nuvem soberana do mercado brasileiro.

Tele.Síntese – Qual a previsão de investimentos para essa nuvem soberana?

AmorimVamos investir R$ 700 milhões, distribuídos ao longo de sete anos. Vamos ampliar o nosso parque computacional em nuvem. Até dezembro de 2024, teremos dobrado nossa capacidade de processamento. O que o Serpro está proporcionando às instituições públicas brasileiras — federais, estaduais e municipais — é a liberdade de escolha tecnológica para suas soluções, porque nosso desafio é garantir ao país a autonomia digital.

Tele.Síntese – O Serpro é tido pelo mercado como uma empresa que presta serviços muito caros…..

Amorim Esse tema, ainda escuto. Neste ano, já conseguimos, na renovação do contrato com a Receita Federal, reduzir o  valor e oferecer mais serviços. Temos que ser mais eficientes e comprar com mais inteligência, para aumentar produtividade de nossos desenvolvedores, programadores, para que a gente consiga devolver para o Estado preços mais baixos. Estamos fazendo mais por menos. Nossa modelagem é a de atender melhor o nosso cliente, custando menos. Precisamos ser mais eficientes e entregar mais para o governo federal. Temos a expectativa de, em 2024, encerrar o exercício com um superávit primário de cerca R$ 200 milhões.

Tele.Síntese – Em relação a compras centralizadas de produtos e serviços de tecnologia digital para a administração pública, em que estágio está essa ideia? 

Amorim – Não somos aqueles que vamos elaborar o modelo de compras governamentais. Nossos preços servem de referência para os órgão da Administração Federal. As questões de contratação pública não cabem ao Serpro.

Tele.Síntese – E os planos futuros?

Amorim – A nova fronteira que devemos nos preocupar e cuidar mais é questão da segurança da informação, porque com a inteligência artificial também vêm os desafios da segurança. Então, lá na frente, nós temos que pensar modelos e tecnologias mais voltadas para a  cibersegurança.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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Miriam Aquino

Jornalista há mais de 30 anos, é diretora da Momento Editorial e responsável pela sucursal de Brasília. Especializou-se nas áreas de telecomunicações e de Tecnologia da Informação, e tem ampla experiência no acompanhamento de políticas públicas e dos assuntos regulatórios.
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